SÍNODO PARA ORIENTE MÉDIO: APELO AOS CRISTÃOS A NÃO DEIXAREM TERRA SANTA
Cidade do Vaticano, 13 out (RV) - O Sínodo dos Bispos dedicado ao Oriente Médio,
em andamento no Vaticano sobre o tema da "comunhão e testemunho", realizou seus trabalhos,
na manhã desta quarta-feira, a portas fechadas.
Na programação da manhã teve
lugar a primeira sessão dos Círculos Menores. A discussão geral foi retomada esta
tarde, com o pronunciamento do Diretor do Departamento dos assuntos inter-religiosos
do Comitê judaico americano em Israel, o Rabino David Rosen.
Ademais, uma delegação
de padres sinodais visitou esta manhã o "Quirinale" – sede da presidência italiana
– para um encontro com o Presidente Giorgio Napolitano.
Ontem, por sua vez,
estiveram no centro dos trabalhos a situação dos cristãos na Terra Santa e o papel
fundamental das famílias na dinâmica missionária.
Uma Igreja do Calvário, que
sofre pelas violências e a instabilidade: assim o Sínodo define a comunidade cristã
na Terra Santa, que representa apenas 2% da população. Nesse contexto, foi premente
o apelo a não deixar esse lugar sozinho e isolado, a não transformá-lo num museu ao
ar livre, porque os cristãos são indispensáveis e têm a grande responsabilidade de
perpetuar a mensagem de paz e de reconciliação.
Ser minoria, ressaltam os padres
sinodais, impele a ser mais propositivos: então, que a Igreja na Terra Santa seja
mais extroversa e hospitaleira, porque habitar esses lugares é a sua vocação.
O
olhar do Sínodo voltou-se, em seguida, para o Iraque, cuja situação é definida alarmante
e comparada como a situação vivida pela Turquia durante a I Guerra Mundial.
Nessa
ótica, os bispos do Oriente Médio pedem, em alta voz, o respeito pelos direitos fundamentais
do homem, por sua liberdade e dignidade. Um respeito que passa também pela eliminação
das discriminações nos textos constitucionais e legislativos, e nos livros pedagógicos.
Mas,
apesar dos difíceis momentos históricos vividos no Oriente Médio, reitera o Sínodo,
o sangue inocente dos mártires e o seu heroísmo exemplar deixaram crescer um cristianismo
brilhante e autêntico.
Aí se insere o grande tema da família, que tem uma necessidade
vital de ser reevangelizada para viver – junto aos movimentos eclesiais e às novas
comunidades – a dinâmica missionária.
São muitos os núcleos familiares que
vivem fortemente a fé cristã nos países árabes, foi dito na Sala do Sínodo, apesar
das enormes dificuldades da vida cotidiana, conservando a esperança contra todas as
esperanças. Nesse contexto, foi anunciada a construção, em Nazaré, de um centro internacional
de espiritualidade familiar.
Outro tema particularmente evocado foi o do ecumenismo
e do diálogo inter-religioso. Nesse sentido, foi denunciado o perigo do "confessionalismo"
e do apego exagerado à etnia, que transformam as Igrejas em guetos e se opõem aos
ensinamentos de Cristo.
Foram feitos votos de uma confiança recíproca entre
o Ocidente e o mundo muçulmano para se trabalhar em prol de um Oriente Médio sem guerras.
Por
fim, foram feitas algumas sugestões na Sala sinodal: redigir um "livro branco" sobre
a situação demográfica no Oriente Médio; atribuir a nacionalidade e o direito de voto
aos imigrados; elaborar um catecismo único para todos os católicos da região e celebrar,
em todas as Igrejas do Oriente Médio, um "Ano Joanino", em continuação com o Ano Paulino,
realizado entre 2008 e 2009, para comemorar o bimilenário do nascimento de São Paulo.
(RL)