Leon, 11 out (RV) – “Nove meses após o terremoto, dois milhões de crianças
haitianas ainda vivem em campos de refugiados; somente 15% da população em idade escolar
recebe algum tipo de formação e os cadáveres estão ainda sob os escombros”. São as
duras palavras da Diretora do Serviço Jesuíta para Refugiados e Migrantes da República
Dominicana, Sonia Adames, em uma entrevista concedida a um jornal espanhol com o objetivo
de aumentar a conscientização sobre a situação real do Haiti.
Uma nota publicada
pela agência Fides, explica que o Haiti deixou de ser “protagonista” na mídia, mas
o terremoto ainda está lá: “Uma tragédia que atingiu todo o mundo. Os muitos mortos,
num instante, atraíram todos os meios de informação – diz Sonia Adames –, mas a mídia
deixou de falar que as pessoas morrem lentamente nestas condições de vida”.
Uma
vida precisa de nove meses de gestação, o tempo para dar à luz a um novo projeto.
“Nove meses depois do terremoto, o tempo necessário para um filho, já deveria existir
um movimento de reconstrução. A vida nos campos está se deteriorando, o tempo dos
furacões começou e aumentam as condições de insalubridade em acampamentos onde vivem
até seis mil pessoas. “A imprensa não vê o que está dentro das barracas; isto está
se tornando cada vez mais horrível, em todas as dimensões: falta de condições higiênicas,
fome, feridos e um calor impressionante, 36 graus”. “No Haiti existem só duas estações,
o verão e o inverno, e agora estamos no inverno, com calor, umidade infernal e um
sol que queima este país desflorestado”.
Os proprietários de terrenos onde
foram instaladas as barracas no momento da emergência começam a pedir de volta suas
propriedades, “é preciso deslocar estas pessoas” – ressalta Sonia Adames. Os haitianos
se perguntam: “Onde estão as ajudas bilionárias?”. Sonia Adames explica que a ajuda
chegou aos acampamentos somente graças às organizações e ONGs precedentemente presentes
no Haiti, às Igrejas em geral, e à sociedade civil. “Estas ajudas, porém, não conseguem
cobrir a dimensão da tragédia” – denunciou. (SP)