Berlim, 11 out (RV) - Será inaugurada na próxima sexta-feira, dia 15, em Berlim,
Alemanha, a primeira grande mostra alemã sobre Adolf Hitler, a 65 anos da queda do
Nazismo. Mais de mil peças – entre as quais manifestos de propaganda, bustos do ditador
e livros – estarão expostos no Deutsches Historisches Museum (DHM), para tentar
explicar como o Fuehrer e suas ideologias delirantes conseguiram abrir caminho
no coração de milhões de cidadãos alemães.
A exposição – intitulada "Hitler
e os alemães. Comunidade nacional e crime" – evitou, cuidadosamente, expor qualquer
objeto que pudesse atrair os nostálgicos, tais como uniformes militares do Fuehrer
conservados na Rússia. O idealizador e realizador da mostra – Hans-Ulrich Thamer –
explicou ao jornal Der Spiegel, que se recusou a expor o grande retrato de
Hitler – de 1,56m por 1,20m – pintado em 1939 e em poder do exército norte-americano,
justamente pela "sugestão" que a figura poderia exercer sobre os neonazistas.
O
objetivo da exposição é o de enquadrar Hitler no âmbito social, político e militar
em que agiu, para, assim, tentar explicar a sua ascensão ao poder. Umas das peças
mais impressionantes é um gobelin intitulado "Levemos à Igreja a suástica",
tecido pela Associação das Mulheres Evangélicas de Rotenburg e Fulda", no qual se
vêem os membros da Hitlerjugend (a juventude hitleriana) que marcham ao lado
dos membros da Sturmabteilungen (as forças da SA) – em forma de cruz; num ângulo
do gobelin está o texto do Pai-nosso.
Num ensaio contido no catálogo
da mostra, o historiador inglês do Nazismo, Ian Kershaw, descreve a relação quase
que religiosa, que existia entre Hitler e seus seguidores, que o viam como um messias.
Para sublinhar a aberração da ideologia nazista, muitas peças são expostas
de maneira torta, suspensas obliquamente ao invés de apoiadas no chão. É o caso de
uma cômoda da chancelaria do Reich, que está pendurada de maneira oblíqua,
e de uma pintura que exalta o espírito guerreiro da Volksgemeinschaft, a comunidade
nacional inventada pelo ditador nazista.
O local da exposição – a Zeughaus,
onde foi montado o Deutsches Historisches Museum – se encontra na Avenida Unter
der Linden, no lado oposto ao local onde, em maio de 1933, os nazistas realizaram
a grande fogueira de livros, na praça situada diante da Staatsoper, a "Ópera
do Estado". (AF)