Conservar e alimentar as próprias tradições, na comunhão católica: Papa aos participantes
num Congresso comemoratico dos 20 anos do Código dos Canones das Igrejas Orientais
Católicas
Faz agora 20 anos que foi promulgado o “Código dos Cânones das Igrejas Orientais”.
Pela primeira vez na história, paralelamente ao Código de Direito Canónico” da Igreja
Latina, também as Igrejas Orientais Católicas passaram a dispor de um codificação
da legislação canónica correspondente às suas tradições. Em vésperas da assembleia
especial do Sínodo para o Médio Oriente, que terá início amanhã, domingo, Bento XVI
recebeu hoje os participantes num Encontro de Estudo destinado precisamente a recordar
o vigésimo aniversário do Código dos Cânones das Igrejas Orientais. “Comemorar
estes 20 anos (observou o Papa) não é um acontecimento apenas celebrativo para evocar
a respectiva memória, mas também uma ocasião providencial para um balanço, uma verificação,
a que são chamadas antes de mais as Igrejas Orientais católicas e as suas instituições…
Trata-se de ver em que medida é que este Código adquiriu efectivamente força de lei
para todas as Igrejas orientais católicas e como é que se traduziu na actividade da
vida quotidiana das mesmas, como também em que medida em que cada uma dessas Igrejas
procedeu à promulgação do próprio direito particular, tendo presentes as tradições
do próprio rito, como também as disposições do Concílio Vaticano II.” Congratulando-se
com os temas abordados nestas Jornadas de Estudo – a história, as legislações particulares
e as perspectivas ecuménicas, Bento XVI sublinhou que este Código dos Cânones das
Igrejas Orientais “criou para os fiéis orientais católicos uma situação disciplinar
nova, tornando-se um válido instrumento para conservar e promover o seu próprio rito”,
que constitui um verdadeiro “património litúrgico, teológico, espiritual e disciplinar”,
diversificado conforme a cultura e circunstâncias próprias dos povos, uma diversidade
que constitui uma riqueza a preservar: “Os sagrados cânones da Igreja antiga,
que inspiram a codificação oriental vigente, estimulam todas as Igrejas orientais
a conservar a sua própria identidade, que é ao mesmo tempo oriental e católica. Mantendo
a comunhão católica , as Igrejas orientais católicas não entendiam de modo algum renegar
a fidelidade à sua tradição. A já conseguida plena união das Igrejas orientais católicas
com a Igreja de Roma não deve comportar para elas uma diminuição na consciência da
própria autenticidade e originalidade. Portanto, todas as Igrejas orientais católicas
têm a missão de conservar o património disciplinas comum e alimentar as tradições
próprias, riqueza para toda a Igreja”.