ARCEBISPO ETEROVIĆ APRESENTA ASSEMBLEIA ESPECIAL PARA O ORIENTE MÉDIO, DO SÍNODO DOS
BISPOS
Cidade do Vaticano, 08 out (RV) - "A multidão dos que haviam crido era um só
coração e uma só alma" (At 4, 32): esse é o tema do Sínodo especial dos Bispos
para o Oriente Médio, que se realizará de 10 a 24 deste mês, no Vaticano. O evento
foi apresentado esta manhã na Sala de Imprensa da Santa Sé, com a participação do
Secretário-Geral do Sínodo, Dom Nikola Eterović, e do vice-diretor da Sala de Imprensa
vaticana, Pe. Ciro Benedettini.
Dezesseis Estados, além de Jerusalém e Territórios
Palestinos, sete milhões de quilômetros quadrados, cinco milhões e meio de católicos
– o equivalente a 1,6% da população. Esses são os números do Oriente Médio. E o Sínodo
dedicado à Igreja presente nessa região poderia ser definido como "pioneirista".
O
Sínodo será aberto neste domingo com a missa presidida pelo Santo Padre na Basílica
da São Pedro. São muitas as características particulares desse encontro sinodal.
Pela
primeira vez, se reunirão em torno do Papa quase todos os Ordinários do Oriente Médio;
ademais, se terá o Sínodo mais breve até então celebrado, somente 14 dias: isso para
permitir aos padres sinodais que não fiquem muito tempo distante de seus fiéis, considerada
a situação complexa dos países do Oriente Médio.
Além disso, pela primeira
vez, o Sínodo terá como língua oficial também o árabe e terá dois presidentes-delegados
nomeados pelo Papa ad honorem, ou seja, o Patriarca de Antioquia dos Maronitas no
Líbano, Cardeal Nasrallah Pierre Sfeir; e o patriarca de Babilônia dos Caldeus, no
Iraque, Sua Beatitude Emmanuel III Delly.
Além da Igreja de tradição latina,
serão representadas também as seis Igrejas orientais católicas sui iuris, ou seja,
a copta, a síria, a greco-melquita, a maronita, a caldeia e a armênia.
"A variedade
de Tradições, de espiritualidade, de liturgia, de disciplina é uma grande riqueza
a ser conservada não somente para as Igrejas Orientais Católicas, bem como para toda
a Igreja Católica presidida na caridade pelo Bispo de Roma e Pastor Universal da Igreja."
Participarão
do Sínodo 185 padres sinodais, entre os quais 101 ordinários das circunscrições eclesiásticas
do Oriente Médio, 23 da Diáspora e 19 dos países limítrofes do norte e do leste da
África, bem como da Europa e do continente americano.
Destaca-se ainda a presença
de três convidados: o Diretor do Departamento dos Assuntos religiosos da American
Jewish Committee, Rabino David Rosen, que falará aos presentes na Sala do Sínodo
na próxima quarta-feira, dia 13; e dois representantes islâmicos, o Conselheiro político
do Grão-Mufti do Líbano, o sunita Muhammad al-SAmmak; e o Professor de Direito da
Universidade de Teerã, o xiita Ayatollah Seyed Mostafa Mohaghed. Ambos falarão aos
padres sinodais na quinta-feira, dia 14.
"Trata-se dos convidados do Santo
Padre Bento XVI, cuja presença é bastante significativa, sinal da disponibilidade
da Igreja Católica a continuar o diálogo com o Judaísmo, com o qual os cristãos têm
relações muito especiais, bem como com o Islamismo, tão presentes na região do Oriente
Médio."
O Arcebispo ressaltou o caráter prevalentemente pastoral e eclesial
do Sínodo, embora não deixe de lado o quadro social e político da região, e a necessidade
fundamental de reavivar a comunhão entre as Igrejas Orientais e entre elas e a Igreja
latina, bem como com as outras comunidades eclesiais, as outras religiões e todos
os homens de boa vontade.
O Sínodo – reiterou o prelado – será também uma ocasião
para ajudar sempre mais, tanto espiritual quanto materialmente, os irmãos do Oriente
Médio, em particular aqueles que sofrem por causa do terrorismo, da marginalização
e da discriminação.
"Viver na Terra Santa deveria ser descoberto sempre mais
como um privilégio ligado a uma missão particular. É de interesse de toda a Igreja
que a Terra de Jesus não se torne um museu repleto de monumentos e pedras preciosas,
mas que continue sendo uma Igreja viva, construída com pedras vivas. (...) Os cristãos
no Oriente Médio são, muitas vezes, artífices de paz e propugnadores do perdão e da
reconciliação, tão necessários na região." (RL)