PRESIDENTE DA PONTIFÍCIA ACADEMIA PARA A VIDA CRITICA OUTORGA DO NOBEL DE MEDICINA
Cidade do Vaticano, 04 out (RV) - É Robert Edwards, "pai" da fecundação "in
vitro", o vencedor do Nobel da Medicina-2010. O biólogo e embriologista inglês, de
85 anos de idade, foi o descobridor dessa técnica – juntamente com o ginecologista
Patrick Steptoe – que desde 1978 até hoje, permitiu o nascimento de pelo menos quatro
milhões de bebês em todo o mundo.
Uma escolha duramente criticada pelo presidente
da Pontifícia Academia para a vida, Mons. Ignazio Carrasco de Paula, a título pessoal.
"A
concessão do Nobel de Medicina ao prof. Edwards suscitou muitos consensos e não poucas
perplexidades, como era de se prever – afirma Mons. Carrasco de Paula. Pessoalmente
– acrescenta – eu teria eleito outros candidatos, como McCullock e Till, descobridores
das células-tronco, ou então Yamanaka, o primeiro a criar uma célula "pluripotente
induzida" (iPS)."
As células-tronco pluripotentes induzidas, também conhecidas
como células iPS ou iPSCs pela sua origem do inglês induced pluripotent stem cells,
são um tipo de célula-tronco pluripontente artificialmente derivada de uma célula-tronco
não-pluripotente, tipicamente de uma célula somática adulta, pela indução de uma manifestação
"forçada" de certos genes (ndr)
"Todavia – diz ainda Mons. Carrasco de Paula
– a escolha do prof. Edwards não me parece completamente inoportuna; por um lado,
faz parte da lógica que orienta o Comitê que atribui o Nobel; e por outro lado, o
cientista britânico não é um personagem que possa ser menosprezado. Ele inaugurou
um capítulo novo e importante – sublinha o presidente da Pontifícia Academia para
a Vida – no campo da reprodução humana, cujos resultados positivos estão à vista de
todos, a começar por Louise Brown, a primeira menina nascida por meio do sistema "Fivet".
Louise já está com 30 anos e já é, por sua vez, mãe de um menino, nascido de maneira
absolutamente natural."
As perplexidades? "São tantas – diz Mons. Carrasco
de Paula: sem Edwards não haveria um mercado de ovócitos; sem Edwards não haveria
congeladores repletos de embriões à espera de serem transferidos para um útero ou,
mais provavelmente, de serem usados na pesquisa ou de morrerem abandonados e esquecidos
por todos."
"Eu diria que Edwards inaugurou uma casa, mas abriu a porta errada,
por ter baseado tudo na fecundação "in vitro" e ter permitido, implicitamente, o recurso
às doações e compra-vendas que envolvem seres humanos. Assim, ele não modificou minimamente
nem o quadro patológico nem o quadro epidemiológico da infertilidade. A solução para
esse grave problema chegará por meio de outra estrada menos custosa e já em estágio
avançado de construção. É preciso ter paciência e confiança em nossos pesquisadores
e em nossos médicos clínicos" – conclui o presidente da Pontifícia Academia para a
Vida. (AF)