PAPA APRESENTA ANCHIETA COMO MODELO MISSIONÁRIO NO ESPÍRITO DE APARECIDA
Cidade do Vaticano, 04 out (RV) - O Papa recebeu em audiência, na manhã desta
segunda-feira, no Vaticano, os bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB) do Regional Norte I e Noroeste, em visita "ad Limina Apostolorum".
Em
seu discurso aos prelados, o pontífice agradeceu ao Arcebispo de Porto Velho (RO),
Dom Moacyr Grechi, por suas amáveis palavras e pediu a Deus para que sustente e torne
fecundos os esforços que os bispos fazem – muitas vezes sem meios adequados – para
levar a Boa Nova de Jesus a todos os cantos da floresta amazônica.
Citando
Paulo VI, Bento XVI ressaltou que seria certamente um erro impor qualquer coisa à
consciência das pessoas, seria uma violência à liberdade religiosa, mas os bispos
podem propor a essa consciência a verdade evangélica e a salvação em Jesus Cristo,
com absoluta clareza e com todo o respeito pelas opções livres que essa consciência
fará.
"O desejo de anunciar o Evangelho nasce de um coração enamorado por Jesus,
que anela ardentemente que mais pessoas possam receber o convite e participar do banquete
das Bodas do Filho de Deus. (cf. Mt 22,8-10). De fato, a missão é o desbordar da chama
de amor que se inflama no coração do ser humano, que, ao abrir-se à verdade do Evangelho
e deixar-se transformar por ela, passa a viver a sua vida – como dizia São Paulo –
'na fé do Filho de Deus que me amou e se entregou por mim' (Gal 2,20). Conseqüentemente,
o chamado à missão não é algo destinado exclusivamente a um restrito grupo de membros
da Igreja, mas um imperativo dirigido a cada batizado, um elemento essencial de sua
vocação" - ressaltou o Papa.
"A vocação
cristã é, por sua própria natureza, vocação ao apostolado" e nesse sentido, um dos
compromissos centrais da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do
Caribe "foi despertar nos cristãos a consciência de discípulos e missionários, resgatando
a dimensão missionária da Igreja ao convocar a Missão Continental" – disse ainda Bento
XVI.
"Ao pensar nos desafios que esta proposta de renovação missionária supõe
para vós, Prelados brasileiros, vem-me a mente a figura do Beato José de Anchieta.
Com efeito, a sua incansável e generosíssima atividade apostólica, não isenta de graves
perigos, que fez com que a Palavra de Deus se propagasse tanto entre os índios quanto
entre os portugueses – razão pela qual desde o momento de sua morte recebeu o epíteto
de Apóstolo do Brasil – pode servir de modelo para ajudar as vossas Igrejas particulares
a encontrar os caminhos para empreender a formação dos discípulos missionários no
espírito da Conferência de Aparecida (cf. Documento de Aparecida, 275)" - frisou o
pontífice.
Bento XVI
sublinhou em seu discurso que a Igreja não trabalha para si, mas está a serviço de
Jesus Cristo. Ela existe para fazer com que a Boa Nova seja acessível a todas as pessoas.
"A Igreja é católica justamente porque convida todo ser humano a experimentar a nova
existência em Cristo. A missão deve alimentar-se de um núcleo mais profundo. Esse
núcleo é a Eucaristia" - concluiu o Santo Padre. (MJ)