FILIPINAS: MUÇULMANOS E CATÓLICOS SE UNEM CONTRA ANTICONCEPCIONAIS
Manila, 02 out (RV) - Muçulmanos e católicos das Filipinas formaram, nesta
sexta-feira, uma frente comum contra o presidente do país, Benigno Aquino, que anunciou,
esta semana, a promoção do uso de anticoncepcionais entre a população mais pobre.
O
Conselho de Imames filipino respaldou a Igreja Católica na sua rejeição aos planos
governamentais de planejamento familiar, e afirmou que o Governo deveria gastar dinheiro
em projetos mais importantes que o incentivo do uso de anticoncepcionais, segundo
informações divulgadas pela emissora televisiva "Inquirer".
A Conferência Episcopal
anunciou, esta semana, que os bispos não vão ficar parados, caso Aquino siga avante
com os seus planos, e que vão apoiar as manifestações de protesto que venham a ser
realizadas.
Por sua vez, o bispo de Tandag, Dom Nereo Odchimar, negou ontem,
ter ameaçado excomungar o chefe de Estado filipino, após assegurar, numa entrevista
radiofônica, na quinta-feira, que tal sanção canônica seria "uma possibilidade".
"Embora
o sentimento majoritário entre os bispos seja de consternação e frustração em razão
das intenções do presidente acerca dos anticoncepcionais, não cogitamos a aplicação
da excomunhão a Aquino" – assegurou Dom Nereo.
Benigno Aquino defendeu esta
semana, durante uma viagem aos Estados Unidos, o direito de cada família, de decidir
o número de filhos que deseja ter, e manifestou a possibilidade de o Governo oferecer
os meios para isso.
A Igreja vinculou esse anúncio aos 434 milhões de dólares
que os EUA concederam às Filipinas, a título de ajuda para que o país possa cumprir
os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, entre os quais está a redução da pobreza.
O
clero das Filipinas – país com 80% de católicos entre seus 94 milhões de habitantes
– se opôs reiteradamente a toda e qualquer iniciativa parlamentar para o controle
artificial da natalidade e contenção da rápida expansão da população.
O Escritório
Nacional de Estatística das Filipinas calcula que, em 2015, o país contará 103 milhões
habitantes. Cinquenta anos atrás eram apenas 27 milhões. (AF)