LÍBANO: IGREJA MARONITA PREOCUPADA COM AS TENSÕES POLÍTICAS

Beirute, 1º out (RV) - O Patriarca Maronita do Líbano exprime grande preocupação pelo clima de crescente tensão que se respira entre a maioria política no governo e Hezbollah, o Partido de Deus, em vista da sentença do tribunal da ONU sobre o assassinato do ex-presidente libanês, Rafik Hariri. Na declaração final da reunião mensal da Assembléia dos Bispos Maronitas, reunidos sob a presidência do Cardeal Nasrallah Sfeir, os bispos se dizem “preocupados com a tensão crescente entre as diferentes facções do país, que ameaça se transformar em uma guerra de bairro”.

As palavras dos bispos, reproduzidas pela agência AsiaNews, foram pronunciadas à luz do confronto entre o Primeiro-Ministro, Saad Hariri e o Hezbollah, que dois dias atrás, se disse contrário ao financiamento libanês do tribunal da ONU que tem a tarefa de investigar o assassinato de Rafik Hariri, e ao qual Beirute participa com 49% dos custos.

Posição que contradiz diretamente a do primeiro-ministro, que ontem disse ser importante “não esquecer o sangue do mártir Rafik Hariri”. Hezbollah também acusou o Tribunal Especial para o Líbano (TSL) de “seguir os interesses de Israel” e teme que o organismo das Nações Unidas o acuse de estar implicado no assassinato, uma eventualidade que nunca foi dita, nem confirmada pelo tribunal, que tem a sua sede em Haia, na Holanda.

Essa possibilidade faz temer o pior. O Deputado maronita Sleiman Frangieh, amigo pessoal do presidente sírio, Bashar el-Assad advertiu na semana passada que uma acusação a Hezbollah significaria uma guerra entre sunitas e xiitas no Líbano. Por sua vez, o Ministro do Exterior da Síria, Walid Mouallem, em uma entrevista ao Wall Street Journal disse: “Nós acreditamos que uma condenação de Hezbollah pelo Tribunal Especial será um fator de problemas no Líbano”. A tensão está aumentando, precisamente quando a maioria dos bispos católicos do país está se preparando para viajar para Roma para participar dos trabalhos do Sínodo das Igrejas do Oriente Médio, que se realizará no Vaticano entre os dias 10 e 24 de outubro. (SP)