São Paulo, 28 set (RV) – Diante da negativa da Bienal de retirar as obras da
série “Inimigos” de Gil Vicente, na qual o artista se mostra assassinando líderes
mundiais incluindo o Papa Bento XVI, a Arquidiocese de São Paulo através do Vicariato
para a Comunicação lançou uma nota de repúdio à exibição de obras que são uma “apologia
à violência”, que ademais ofendem os sentimentos católicos. A Arquidiocese manifestou
formalmente este seu entendimento perante o Ministério Público de São Paulo no dia
24 deste mês, solicitando a atenção deste órgão público.
Destacamos abaixo
a nota da Arquidiocese assinada pelo Cônego Antônio Aparecido Pereira, Porta-voz da
Arquidiocese e do seu Assessor de Imprensa, Rafael Alberto.
“Em nome do mesmo
princípio da liberdade de expressão, que permite aos artistas a livre manifestação
da sua arte, a Arquidiocese de São Paulo vem a público para manifestar sua estranheza,
desconforto e repúdio diante da série de telas “Inimigos”, do artista plástico Gil
Vicente, expostas na Bienal de São Paulo, com auto-retratos do artista em cenas de
extrema violência contra personalidades públicas, como o Presidente da República e
o Papa Bento XVI.
São cenas de um narcisismo chocante, de um mau gosto repugnante
e de implícita apologia à violência. Nenhum diretor de escola ou professor de bom
senso permitiria expor tais cenas em sala de aula, pois seriam consideradas deseducativas.
Cenas de execução de condenados à morte seriam, certamente, evitadas nos meios de
comunicação de massa. Numa sociedade já marcada por conflitos e ferida por tanta violência,
é altamente questionável que, em nome da arte sejam expostas cenas que sugerem o desafogo
do próprio ódio contra supostos inimigos. Trata-se de um péssimo serviço à arte, uma
lamentável falta de respeito pela dignidade humana e uma ameaça à paz no convívio
social. Violência real, ou apenas sugerida, gera mais violência.
De modo particular,
a comunidade católica sente-se ofendida e triste com o desrespeito ao Papa Bento XVI,
que peregrina pelo mundo em missão de justiça e de paz. Sugerir ou imaginar violência
contra o Papa causa tristeza e indignação. Que ninguém, em nenhuma parte do mundo,
tenha a insana iniciativa de consumar as cenas chocantes retratadas na tela! Deus
proteja nosso Papa Bento XVI, o Presidente da República e toda pessoa contra os desatinos
da violência!
A Arquidiocese de São Paulo manifestou formalmente este seu entendimento
perante o Ministério Público de São Paulo em 24.09.2010, solicitando a atenção deste
órgão público”. (SP)