BURUNDI: ASSASSINATOS EM SÉRIE EM ALGUMAS PARTES DO PAÍS
Roma, 28 set (RV) - “É uma situação preocupante que ameaça nos levar de volta
aos anos sombrios da guerra civil”, afirma à agência Fides uma fonte da Igreja de
Bujumbura, capital do Burundi, que por motivos de segurança não quis ser citada. Uma
série de assassinatos em algumas partes do país está causando consternação entre a
população. Nas últimas semanas, foram encontrados corpos mutilados de dezenas de pessoas
ao longo do rio Rusizi, no oeste do país. A área era o feudo das Forças Nacionais
de Libertação (FNL), o último grupo guerrilheiro a assinar um acordo de paz com o
Estado em 2005.
“O governo afirma que esses atos violentos são cometidos por
bandidos, porque os crimes são acompanhados de roubo de animais e destruição das colheitas,
mas a população sabe que é um grupo de rebeldes que está agindo dessa maneira”, disse
a fonte da Fides. Entre os meses de maio e julho no Burundi foram realizadas eleições
locais, presidenciais e legislativas, marcadas por ataques e pelo boicote de uma dezena
de partidos da oposição, que acusaram o partido do Presidente Pierre Nkurunziza, de
fraude nas eleições de 24 de maio. Nkurunziza foi reeleito chefe de Estado nas eleições
de 28 de junho.
“Temo que a exclusão da normal corrida eleitoral de vários
partidos levou a parte mais radical da oposição a recorrer à violência. Os bispos
após as eleições tinham declarado que, naquilo que eles foram capazes de verificar,
através de observadores eleitorais da igreja, as eleições tinham sido regulares; mas
convidaram a maioria a buscar o diálogo com a oposição, que havia boicotado o voto”,
recorda a fonte da Fides. O ex-chefe das Forças Nacionais de Libertação, Agathon Rwasa,
dirigiu um apelo ao Secretário Geral da ONU a intervir para impedir que o Burundi
afunde em uma guerra civil.
Enquanto isso, no leste do país, uma série de
incêndios ameaça o ecossistema. Em Cankuzo e no parque Ruvuvu o fogo destruiu inteiras
colinas. Os incêndios são causados pela forte seca, mas sobretudo pela imperícia do
homem. “São os criadores de gado, que em busca de novas pastagens queimam a floresta,
porque, depois a grama cresce rapidamente”, diz a fonte da Fides. Os criadores são
incentivados a agir desse modo, também pelo fato de que o exército fechou algumas
áreas tradicionais de pastagem, para utilizá-las em exercícios militares para os soldados
a serem enviados em missões de paz no exterior. (SP)