2010-09-25 18:41:34

ÍNDIA: DALIT DÁ DE COMER A UM CACHORRO E ACABA MULTADA


Mumbai, 25 set (RV) - Apesar do progresso econômico e da proibição legal, o sistema de castas continua em pleno vigor na Índia. Desse modo, uma mulher dalit – ou seja, "intocável", fora do sistema indiano das castas – acabou sendo multada. E por quê? Bem, porque a mulher deu um pedaço de pão chamado "roti" (típico pão indiano) ao cachorro de um fazendeiro, Rampal Singh, pertencente à estirpe aristocrática dos Rajput.

Quando o homem viu a dalit dar o pedaço de "roti" a seu cachorro – chamado Shiru – dirigiu-se imediatamente e furioso ao magistrado local, exigindo um ressarcimento no valor de 15 mil rupias (cerca de R$ 550,00) o que é uma soma enorme para um dalit. Também o animal foi "condenado": o jovem Labrador negro foi considerado "contaminado", porque nutrido por uma dalit e expulso da casa onde vivia. Agora, o pobre animal se encontra amarrado a um pedaço de pau no centro do vilarejo, localizado no estado indiano central de Madhya Pradesh, onde ocorreram os fatos.

O jornal "Times of India" informa que a polícia está investigando o caso. A mulher dalit – Sunita Jatav – contou o ocorrido ao escritório especial das forças policiais que se ocupa de vexações contra as castas inferiores, e que foi instituído justamente para defender as classes mais vulneráveis da população.

"Tudo aconteceu há uma semana – disse ela aos policiais – quando fui levar comida a meu marido, que trabalha na fazenda de Rampal Singh. Vi o cachorro que girava ali em torno e com pena dele, dei-lhe um pedaço de pão. Naquele momento, apareceu o patrão e começou a me insultar e a gritar comigo pelo que eu havia feito."

Sunita pensou que o fato tivesse se encerrado com a cena furiosa do fazendeiro. Em vez disso, dias depois, Rampal Singh levou Shiru – o Labrador negro nutrido pela mulher – à casa desta, dizendo-lhe que ela e seu marido deveriam agora, ocupar-se do animal, pois ele fora "contaminado" por ela, uma dalit, e se tornara, ele também, "intocável". Além disso, o fazendeiro pretende a exorbitante soma de dinheiro, como ressarcimento. (AF)







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