IGREJA NA ALEMANHA ABRE DIÁLOGO SOBRE TABUS DA SEXUALIDADE DO CELIBATO
Berlim, 25 set (RV) – Na esteira da crise provocada pelo escândalo dos abusos
contra menores, os bispos alemães estão dispostos a um "diálogo autocrítico" mais
rigoroso em relação ao passado. Na origem dessa iniciativa está um consistente
êxodo de fiéis católicos – êxodo provocado pelos casos de pedofilia – que contribuiu,
segundo a imprensa alemã, para que os bispos decidissem passar da crise à ofensiva.
Afinal de contas, a Igreja é muito mais ampla do que o escândalo provocado por apenas
alguns de seus ministros. Mas aonde levará esse "diálogo"? – perguntam-se alguns
comentaristas, para os quais, os temas a serem abordados são tantos, até mesmo o do
uso de anticoncepcionais. No momento, a Associação Federal dos Jovens Católicos
Alemães considera a iniciativa dos bispos "excelente". Seu presidente, Dirk Taenzler,
não tem dúvidas: "O diálogo é imprescindível para resolver juntos, as divergências"
– disse ele, numa entrevista ao diário Frankfurter Rundschau, publicada neste sábado. Suas
palavras foram corroboradas pelo secretário-geral do Comitê Central dos Católicos
Alemães (ZdK), Stephan Vesper, para quem "é hora de resolver os problemas da Igreja". A
questão mais premente agora, todavia, é a que diz respeito ao ressarcimento das vítimas
dos abusos. Ontem, ao término de uma reunião em Fulda, o presidente do Episcopado
alemão, Dom Robert Zollitsch, arcebispo de Friburgo, anunciou sua adesão à proposta
do Governo, de realizar uma mesa-redonda para estudar um ressarcimento às vítimas,
sublinhando, porém, que "as vítimas não necessitam apenas de dinheiro – ressarcimento
econômico – mas, sobretudo, de ajuda espiritual e de verem reconhecidos seus sofrimentos".
Dom Zollitsch acrescentou que o número de pessoas que reivindicam um ressarcimento
financeiro é limitado. "E nós nos recusamos – enfatizou o prelado – a ver esse assunto
reduzido a uma mera questão financeira." (AF)