Mais de 300 civis violados em quatro dias no Congo
(24/9/2010) Pelo menos 303 civis foram vítimas de violações nos ataques de grupos
armados na República Democrática do Congo entre 30 de Julho e 2 de Agosto, indica
um relatório preliminar da ONU. "As vítimas conhecidas incluem 235 mulheres, 52
raparigas, 13 homens e três rapazes", afirma o relatório de 15 páginas, resultado
de uma investigação, no qual se admite que "o número de vítimas pode ser muito maior".
A advertência é justificada com o facto de os investigadores, que visitaram 13
localidades da região de Walikale, na província do Kivu norte, não terem podido aceder
a outras seis localidades devido à violência. "Além disso, durante a investigação,
cerca de metade da população das localidades mais afectadas estava escondida na selva
por medo de mais ataques e, entre esses, há provavelmente mais vítimas de violações",
acrescenta o relatório. “Violações maciças" A Alta Comissária da ONU para
os Direitos Humanos, Navi Pillay, considerou "inimagináveis a escala e a maldade destas
violações maciças". "Mesmo no leste da RD Congo, onde as violações foram um
problema persistente e maciço nos últimos 15 anos, este incidente destaca-se pelo
extraordinário sangue-frio e a forma sistemática com que parece ter sido planeado
e executado", acrescentou. Os ataques, na sua maioria nocturnos, foram perpetrados
ao longo de quatro dias por cerca de 200 membros de três grupos armados - os Mai Mai
Cheka, as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR) e um grupo de elementos
próximos do coronel Emmanuel Nsengiyumya, um desertor do exército que no passado integrou
outro grupo rebelde, segundo o relatório. O relatório pede às agências humanitárias
que disponibilizem às autoridades congolesas pessoal para prestar ajuda médica e psicológica
às vítimas e apela à comunidade internacional para que ajude o governo a combater
os grupos armados e a levá-los perante a justiça.