2010-09-23 20:06:17

PE. LOMBARDI: INVESTIGAÇÃO SOBRE O IOR NÃO PASSA DE MAL-ENTENDIDO


Cidade do Vaticano, 23 set (RV) – Trata-se de um mal-entendido que já se encontra em fase de esclarecimento e, em todo caso, o Vaticano age com transparência, no pleno respeito "pelas normas internacionais sobre a lavagem de dinheiro": é o que afirma o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, acerca das investigações que estão sendo realizadas pela Procuradoria de Roma sobre a presidência do Instituto para as Obras de Religião (IOR) – conhecido como "Banco do Vaticano" – por uma presumível violação das normas anti-lavagem de dinheiro.

As declarações de Pe. Lombardi – diretor-geral da Rádio Vaticano e do Centro Televisivo Vaticano – estão contidas numa carta enviada ao diário britânico Financial Times, que ontem havia publicado a notícia em primeira página.

Trata-se de uma carta a fim de que – diz Pe. Lombardi – "não se difundam informações inexatas e não seja prejudicada a atividade do IOR, nem o bom nome de seus dirigentes".

Com essas premissas, Pe. Lombardi – na sua qualidade de porta-voz da Santa Sé – toma uma nítida posição acerca da investigação instaurada dois dias atrás, pela Procuradoria da República, de Roma, sobre Ettore Gotti Tedeschi e Paolo Cipriani, respectivamente, presidente e diretor-geral do IOR, acusados de uma presumível violação das normas anti-lavagem de capitais, no âmbito de uma movimentação de dinheiro realizada numa conta-corrente de um banco italiano.

Ao Financial Times – que dera ênfase à questão, publicando em sua primeira página uma foto do Presidente Gotti Tedeschi, e dando ao artigo o título "O Vaticano apóia os banqueiros na investigação sobre lavagem" – o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé explica que, antes de tudo, "o IOR não é um banco, no sentido exato da palavra, mas sim um instituto que, administrando os bens das instituições católicas que atuam com finalidades de apostolado religioso e de caridade em nível internacional, tem sua sede na Cidade do Vaticano" e, portanto, "fora da jurisdição e da vigilância dos diversos Bancos nacionais".

Esse "status particular" – prossegue Pe. Lombardi – "faz com que sua situação no sistema financeiro internacional e suas regras exija uma série de acordos, em particular à luz das novas normativas estabelecidas pela União Europeia, para a prevenção do terrorismo e da lavagem de capitais, a fim de estabelecer os procedimentos necessários para que a Santa Sé seja inserida na White List".

A "White List" compreende os Estados e Territórios que asseguram, com base em convenções, um intercâmbio de informações, para evitar a sonegação de impostos.

E é com esse preciso objetivo e a garantia absoluta da transparência das atividades do IOR, que o Presidente do Instituto, Gotti Tedeschi – afirma Pe. Lombardi – está trabalhando desde o dia de sua nomeação" ao cargo, e "no respeito do mandato que lhe foi confiado pelas máximas autoridades vaticanas".

"A perplexidade e a surpresa" da Secretaria de Estado, manifestadas no comunicado da última terça-feira, acerca da ação judicial promovida pela Procuradoria de Roma, têm sua origem, justamente, a partir da constatação do "empenho" e dos "contatos em andamento", além da manifesta intenção de se "chegar rapidamente" e com "toda a boa vontade" a "soluções estáveis" – diz Pe. Lombardi.

"A natureza e o objetivo de que são alvo as investigações – observa o porta-voz vaticano – poderiam ter sido esclarecidos com extrema simplicidade, uma vez que se trata de operações de tesouraria das quais é destinatário o próprio Instituto, em contas-correntes que lhe pertencem, no âmbito de outros institutos de crédito. O inconveniente veio a se criar em virtude de um mal-entendido (que está sendo devidamente analisado) entre o IOR e o banco que recebera a ordem de transferência de certa soma em dinheiro" – esclarece Pe. Lombardi.

Portanto, a Santa Sé – diz ainda o diretor da Sala de Imprensa, concluindo sua carta ao Financial Times – reafirma "tanto a sua total confiança nos dirigentes do IOR como a sua disponibilidade total de plena transparência sobre as operações financeiras por ele realizadas, em coerência com os procedimentos e normas exigidos hoje em dia, pela segurança e transparência das operações no campo das finanças internacionais." (AF)







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