PE. LOMBARDI: INVESTIGAÇÃO SOBRE O IOR NÃO PASSA DE MAL-ENTENDIDO
Cidade do Vaticano, 23 set (RV) – Trata-se de um mal-entendido que já se encontra
em fase de esclarecimento e, em todo caso, o Vaticano age com transparência, no pleno
respeito "pelas normas internacionais sobre a lavagem de dinheiro": é o que afirma
o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, acerca das investigações
que estão sendo realizadas pela Procuradoria de Roma sobre a presidência do Instituto
para as Obras de Religião (IOR) – conhecido como "Banco do Vaticano" – por uma presumível
violação das normas anti-lavagem de dinheiro.
As declarações de Pe. Lombardi
– diretor-geral da Rádio Vaticano e do Centro Televisivo Vaticano – estão contidas
numa carta enviada ao diário britânico Financial Times, que ontem havia publicado
a notícia em primeira página.
Trata-se de uma carta a fim de que – diz Pe.
Lombardi – "não se difundam informações inexatas e não seja prejudicada a atividade
do IOR, nem o bom nome de seus dirigentes".
Com essas premissas, Pe. Lombardi
– na sua qualidade de porta-voz da Santa Sé – toma uma nítida posição acerca da investigação
instaurada dois dias atrás, pela Procuradoria da República, de Roma, sobre Ettore
Gotti Tedeschi e Paolo Cipriani, respectivamente, presidente e diretor-geral do IOR,
acusados de uma presumível violação das normas anti-lavagem de capitais, no âmbito
de uma movimentação de dinheiro realizada numa conta-corrente de um banco italiano.
Ao
Financial Times – que dera ênfase à questão, publicando em sua primeira página
uma foto do Presidente Gotti Tedeschi, e dando ao artigo o título "O Vaticano apóia
os banqueiros na investigação sobre lavagem" – o diretor da Sala de Imprensa da Santa
Sé explica que, antes de tudo, "o IOR não é um banco, no sentido exato da palavra,
mas sim um instituto que, administrando os bens das instituições católicas que atuam
com finalidades de apostolado religioso e de caridade em nível internacional, tem
sua sede na Cidade do Vaticano" e, portanto, "fora da jurisdição e da vigilância dos
diversos Bancos nacionais".
Esse "status particular" – prossegue Pe. Lombardi
– "faz com que sua situação no sistema financeiro internacional e suas regras exija
uma série de acordos, em particular à luz das novas normativas estabelecidas pela
União Europeia, para a prevenção do terrorismo e da lavagem de capitais, a fim de
estabelecer os procedimentos necessários para que a Santa Sé seja inserida na White
List".
A "White List" compreende os Estados e Territórios que asseguram, com
base em convenções, um intercâmbio de informações, para evitar a sonegação de impostos.
E
é com esse preciso objetivo e a garantia absoluta da transparência das atividades
do IOR, que o Presidente do Instituto, Gotti Tedeschi – afirma Pe. Lombardi – está
trabalhando desde o dia de sua nomeação" ao cargo, e "no respeito do mandato que lhe
foi confiado pelas máximas autoridades vaticanas".
"A perplexidade e a surpresa"
da Secretaria de Estado, manifestadas no comunicado da última terça-feira, acerca
da ação judicial promovida pela Procuradoria de Roma, têm sua origem, justamente,
a partir da constatação do "empenho" e dos "contatos em andamento", além da manifesta
intenção de se "chegar rapidamente" e com "toda a boa vontade" a "soluções estáveis"
– diz Pe. Lombardi.
"A natureza e o objetivo de que são alvo as investigações
– observa o porta-voz vaticano – poderiam ter sido esclarecidos com extrema simplicidade,
uma vez que se trata de operações de tesouraria das quais é destinatário o próprio
Instituto, em contas-correntes que lhe pertencem, no âmbito de outros institutos de
crédito. O inconveniente veio a se criar em virtude de um mal-entendido (que está
sendo devidamente analisado) entre o IOR e o banco que recebera a ordem de transferência
de certa soma em dinheiro" – esclarece Pe. Lombardi.
Portanto, a Santa Sé –
diz ainda o diretor da Sala de Imprensa, concluindo sua carta ao Financial Times
– reafirma "tanto a sua total confiança nos dirigentes do IOR como a sua disponibilidade
total de plena transparência sobre as operações financeiras por ele realizadas, em
coerência com os procedimentos e normas exigidos hoje em dia, pela segurança e transparência
das operações no campo das finanças internacionais." (AF)