Dom Cláudio Maria Celli: o diálogo, um imperativo para a Igreja
Congresso UCIP pela primeira vez em África (Foi em Ouagadougou de 12 a 19 deste mês)
A
missão do jornalista católico é relatar, explicar e comentar os acontecimentos, situando-os
numa perspectiva de fé. O papel dos media é fazer com que a mensagem evangélica e
a História humana se encontrem. Quem participou no 22º Congresso da UCIP (União
Católica Internacional da Imprensa) não terá ficado com dúvidas. Os média e os jornalistas
católicos têm uma grande responsabilidade na construção da civilização do amor. Civilização
que não se coaduna com a desigualdade e a pobreza que caracterizam o mundo de hoje,
nem com a violação do direito à informação e à expressão, incluindo a expressão dos
católicos. A África é ainda hoje um dos maiores palcos onde a pobreza se exibe
em todas as suas facetas. Por isso, não é de admirar que para a sua primeira quermesse
no continente-berço-da Humanidade, a UCIP tenha decidido debruçar-se sobre o tema
dos “Media ao serviço da justiça, da paz e da boa governação num mundo de desigualdades
e de pobreza”. Um tema que recalca o II Sínodo dos Bispos para a África e vai na linha
da mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz de 2009: “combater a pobreza é
construir a paz” – disse o Presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações
Sociais aos congressistas reunidos na capital do Burkina-Faso de 12 a 19 deste mês
de Setembro. D. Cláudio Maria Celli sublinhou que a Igreja quer pôr-se ao serviço
do bem comum e quer fazê-lo através do diálogo, dialogo sincero e respeitoso. E recordou
que o dialogo exige verdade e confiança, um clima de liberdade, informação objectiva,
ampla e permanente sobre todos os eventos e factos da sociedade. Os jornalistas
são os artesãos, os testemunhos da maneira como a Igreja se põe em diálogo. Com efeito,
a Igreja tem uma missão a cumprir: qualquer que seja a época ou as circunstâncias,
ela deve permanecer sempre fiel a Cristo, o que quer dizer estar sempre a favor duma
sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação. Isto, é um imperativo
para a Igreja – insistiu o prelado, acrescentando que “o dialogo é uma das condições
primordiais para a paz, a justiça, a boa governação”. É necessário pensar a terra
como “a nossa casa comum”, uma casa que deve ser gerida através do dialogo – disse
ainda D. Cláudio Celli, citando Bento XVI. E rematou: “Eis a razão por que a Igreja
necessita de medias que não hesitem em expor os seus próprios erros ou fracassos sobretudo
quando se trata de encorajar a comunidade dos crentes a prosseguir no caminho da conversão…”.