PADRE LOMBARDI FAZ BALANÇO DA VIAGEM DO PAPA AO REINO UNIDO
Cidade do Vaticano, 21 set (RV) – Voltamos a falar sobre a viagem do Papa ao
Reino Unido. Pedimos ao Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé e da Rádio Vaticano
que nos fizesse um balanço dessa viagem... Padre Lombadri um balanço que podemos definir
positivo?
R. -Diria que sim, e diria que é positivo na perspectiva que interessa
ao Papa, isto é, o fato de poder transmitir uma mensagem positiva em nome de Cristo,
em nome da fé cristã e saber que esta mensagem chega aos ouvidos prontos para ouvi-la.
Ao Papa não interessa muito os grandes números, mesmo que eles tenham ocorrido. O
importante é o que podem manifestar, isto é a escuta, a escuta da mensagem. Nós podemos
estar muito tranquilos que efetivamente o que o Papa queria dizer nesta viagem, seja
para a sociedade, seja para a comunidade católica, seja aos políticos, foi escutado.
P.
- Notamos em particular uma mudança radical no tom da mídia. Alguém falou de sucesso
pessoal do Papa ...
R. – Sim. O Papa não quer ser um astro - e isso nós sabemos
muito bem - pois não corresponde à sua personalidade, ao seu ministério e ao seu desejo.
Porém, certamente está feliz por ser conhecido e visto por aquilo que ele realmente
é, como um servo do Senhor e também como pessoa, com a sua personalidade. O Papa não
é somente um grande mestre, um homem de cultura, como todos sabem, mas é também um
homem humilde, gentil, sensível, que quer se aproximar dos outros com uma profunda
humanidade. Isso durante a viagem foi entendido por muitos. Superando os que poderiam
ter preconceitos contra ele ou uma falta de conhecimento. Agora podemos dizer que
os católicos ingleses, mas também a sociedade inglesa, conhece melhor o Papa por aquilo
que é realmente e, portanto, o conhece como um amigo, como uma pessoa que foi levar
uma mensagem positiva. Neste sentido gostaria de evidenciar que a televisão fez um
grande serviço, e uma televisão bem utilizada pode fazer grandes coisas. Muitas vezes
nós criticamos a televisão, com razão, pelas muitas coisas que faz, mas, na realidade,
ela também pode realizar serviços maravilhosos, como fez nesta viagem. Não só fazendo
ver objetivamente quantas pessoas estavam presentes nos eventos ouvindo o Papa, mas
também mostrando de perto o rosto e a pessoa do Santo Padre com suas atitudes. Acho
que este é um dos grandes serviços que a televisão pode e deve fazer para aumentar
o conhecimento da pessoa do Papa. No passado, recordo a viagem à Turquia, foi precisamente
decisiva - para fazer compreender a sua atitude amigável e de respeito pelo mundo
muçulmano - a cobertura televisiva na Mesquita Azul. Nos Estados Unidos, as imagens
televisivas do Papa na Quinta Avenida, seu sorriso, seu afeto pelo povo, a sua bondade,
suscitaram o entusiasmo e – digamos - a amizade e a cordialidade do povo americano.
Assim também foi no Reino Unido: as imagens da BBC e do pool de televisões que transmitiu
tudo ajudaram as pessoas a compreender e mudar a opinião que tinha anteriormente do
Papa e, portanto, podemos dizer a amá-lo e a estar mais dispostos a ouvir corretamente
a sua mensagem.
P - O primeiro-ministro, na cerimônia de despedida, disse algo
significativo: o Papa desafiou o país a pensar ...
R. - Eu diria que este esta
é verdadeiramente uma ótima conclusão da viagem e é muito real e é bom que tenha sido
dito pelo chefe de Governo e, portanto, uma das pessoas mais influentes na sociedade
e na vida no Reino Unido. O Papa foi com este desejo: não impor, mas propor. Propor
a mensagem da fé como algo positivo e propor reflexões para poder discernir, para
poder compreender a situação em que estamos hoje como sociedade, como mundo, diante
de grandes desafios de hoje e do futuro, a quais valores podemos nos orientar, os
riscos também de perder a orientação dos valores essenciais. Essa é uma questão sobre
a qual eu gostaria de insistir um pouco. O Papa tem sempre uma proposta que é fundamentalmente
positiva, porque o Evangelho é uma proposta de salvação, de bem para a humanidade.
Há sempre, no entanto, lealmente a chamada de atenção para os riscos, para os problemas
que a nossa sociedade e o nosso tempo vivem, o risco de perder as raízes, perdendo
os pontos de orientação. O positivo, portanto, mas também a advertência para o perigo.
Muitas vezes esses alertas sobre os perigos são entendidos de modo polêmico, como
algo agressivo, enquanto, ao invés, são realmente o resultado de uma profunda preocupação
com o bem de todas as pessoas, homens e mulheres de hoje, da sociedade e do mundo.
Quando Cameron diz, “a nossa sociedade, todo o Reino Unido, foi convidado e desafiado
pelo Senhor para parar e pensar” significa que ele compreendeu exatamente isso: a
mensagem do Papa merece ser levada a sério, para compreender qual é o bem que devemos
buscar, o caminho que devemos procurar para o bem de nossa sociedade e da humanidade
e não apenas a comunidade de crentes, mas também da sociedade em geral. (SP)