2010-09-21 19:55:00

CARDEAL TURKSON SOBRE METAS DO MILÊNIO: COMBATER A POBREZA, NÃO OS POBRES


Nova York, 21 set (RV) - Não tenham medo dos pobres: foi o convite do Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, dirigido nesta segunda-feira no encontro de cúpula em andamento na sede da ONU, em Nova York, para uma avaliação sobre as metas de desenvolvimento do milênio. O purpurado chefe da delegação da Santa Sé pediu aos governos dos países desenvolvidos, e não só, que assumam as suas responsabilidades na luta contra a pobreza.

"As metas de desenvolvimento do milênio deveriam servir para combater a pobreza, não para eliminar os pobres", exclamou o Cardeal Turkson na sede da ONU. O purpurado chamou a atenção para o fato que não se deve "difundir nem impor estilos de vida egoístas ou, pior ainda, políticas demográficas como meio conveniente para reduzir o número dos povos pobres". Seria um "sinal pernicioso e míope" – frisou.

Pelo contrário, acrescentou o purpurado, é preciso "dar aos países pobres uma estrutura acessível de finanças e comércio e ajudá-los a promover a boa governação e a participação da sociedade civil" para contribuir efetivamente para o bem-estar de todos.

Ademais, ressaltou, "todos os governos, tanto dos países desenvolvidos quanto dos países em desenvolvimento, devem assumir as suas responsabilidades para combater a corrupção contra uma desconsiderada e por vezes imoral conduta no campo dos negócios e das finanças, bem como a irresponsabilidade e a evasão fiscal, a fim de assegurar o estado de direito e promover os aspectos humanos do desenvolvimento como a educação, a segurança no trabalho e a assistência médica para todos".

Em seguida, fez uma acusação precisa: se inúmeras vítimas inocentes, inteiras populações foram abandonadas após a crise financeira internacional, isso se deve "à conduta imoral e irresponsável dos grandes agentes financeiros privados junto à falta de visão de futuro e controle por parte dos governos e da comunidade internacional".

Além disso, acrescentou o Cardeal Turkson, os governos – quer doadores, quer beneficiários – não deveriam interferir ou criar obstáculos para a autonomia das organizações religiosas e civis engajadas no campo do desenvolvimento; pelo contrário, deveriam respeitosamente encorajá-las, promovê-las e ajudá-las financeiramente, o quanto possível.

"A generosidade e a dedicação das organizações religiosas e civis deveriam inspirar os organismos governamentais e internacionais a fazerem o mesmo esforço" – ponderou.

Entre os obstáculos ao desenvolvimento, o Presidente de Justiça e Paz indicou o "nacionalismo excessivo" e o "interesse corporativo", bem como "as antigas e novas ideologias", que fomentam as guerras e os conflitos, e também "os tráficos ilegais de pessoas, drogas e matérias-primas preciosas"; a falta de escrúpulos de alguns empreendedores, a lavagem de dinheiro nos chamados "paraísos fiscais". São todas realidades que desviam os já limitados recursos para o desenvolvimento nos países pobres.

Lutar contra a pobreza material é "um objetivo estratégico e nobre", concluiu o representante da Santa Sé, "mas neste esforço jamais nos esqueçamos que a pobreza material está ligada à pobreza relacional, emocional e espiritual". A pessoa humana deve estar no centro da nossa pesquisa para o desenvolvimento, não deve ser vista como "um peso", mas como "parte da solução". (RL)







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