Bispos franceses criticam projecto-lei sobre imigração
(21/9/2010) A Comissão Episcopal francesa para a missão da Igreja Universal (CEMU)
afirmou que se vai opor a qualquer medida que sirva para pôr em causa a integração
de imigrantes no país. Recorde-se que, desde o mês de Agosto, o executivo francês
já expulsou do país cerca de mil imigrantes ciganos, de origem búlgara e romena, tendo
endurecido as medidas contra aquelas comunidades, muitas delas a viver em acampamentos
considerados ilegais. Sete bispos, membros da CEMU, estiveram reunidos para analisar
o projecto-lei sobre imigração, elaborado pelo ministro francês que tutela aquela
pasta, Eric Besson. Um projecto que ainda vai ser discutido numa Assembleia Nacional,
marcada para o final de Setembro. Os prelados defendem que “a família é o núcleo
essencial da sociedade” e, para os imigrantes, “ela tem um papel fundamental na sua
integração”. “Devemos opor-nos a qualquer medida que sirva para enfraquecer esta
realidade”, referem os representantes da CEMU. O governo francês sustenta a sua
posição de força com o dever de estabelecer regras e regular os fluxos migratórios,
tendo em conta o bem comum. “Nós sabemos que os políticos têm de tomar decisões
difíceis”, referem os bispos católicos, lembrando, no entanto, que o “dever de conceder
asilo foi sempre um dos pontos defendidos pela Igreja”. Os membros da CEMU consideram
que a “intervenção de um órgão jurisdicional de liberdade é fundamental para ouvir
as palavras das pessoas privadas de liberdade ". Atrasar esta acção ou limitar
os pontos de maior fragilidade "viola a lei, mesmo no contexto da detenção administrativa”,
acrescentam. Frisaram ainda que “a ajuda humanitária aos imigrantes em dificuldade
não deve ser confundida com a actividade criminosa dos traficantes''. ''Com tantos
cristãos que vivem nos bairros mais pobres ", especialmente das comunidades religiosas,
nós sabemos da contribuição que os imigrantes dão ao nosso país com o seu trabalho,
a sua energia e a sua honra”. “Não nos vamos esquecer das dificuldades que eles
tiveram de passar quando emigraram”, concluem os bispos da CEMU.