Cidade do Vaticano, 19 set (RV) - O tema da Campanha da Fraternidade volta
à nossa mente neste domingo por causa do Evangelho de Lucas – “ Não podeis servir
a Deus e ao dinheiro”- Jesus diz que seus discípulos deverão seguir o caminho da radicalidade.
Radicalidade naquilo que não nos pertence, mas a Deus, para que tenhamos o que é nosso.
Isso nos fala o Senhor no versiculo 12.
Não poderemos servir a dois senhores.
Chegará um momento em que teremos de fazer a opção. A própria vida nos levará a essa
escolha onde em algumas situações ou em definitivo, daremos a um a atenção, o nosso
serviço e, consequentemente o outro terá nosso desprezo, mesmo que momentâneo. E as
coisas de Deus não podem ser relegadas a um segundo plano, mesmo que momentaneamente.
Daí que o nosso sim seja sim e o nosso não seja não. Uma vez batizados, somos de Deus
e Ele se torna o Absoluto em nossa vida.
Posto isto, aí entra nossa relação
com o dinheiro e com tudo que o mundo nos apresenta como valor. A primeira leitura
tirada do Livro de Amós, nos fala da visão errada de que o dinheiro, o lucro é mais
vantajoso, é mais importante que a relação justa com o irmão. Amós nos fala da sêde
insaciável das pessoas em lucrar, em fazer dinheiro a ponto de não respeitar o descanso,
as festas e o direito do pobre. A avidez para ver o dinheiro entrando na conta bancária
leva pessoas a esquecer que mais importante é o irmão, é saciar suas necessidades,
é viver a justiça. No Evangelho, Jesus mostra que não é fácil caminhar com ele:
opção, desprendimento, partilha , fidelidade fazem parte de suas exigências!
Desprendimento:
o administrador é elogiado por Jesus por se desfazer do ilícito, mas também do lícito.
Jesus diz: “Qualquer um de vós que não renunciar a tudo o que possui, não pode ser
meu discípulo”. Partilha: o dinheiro acumulado era fruto da injustiça, agora ele
socializou o que possuía. Fidelidade: ser digno de confiança, não praticar usura
e ser aberto à partilha. Opção: quem não opta fica em cima do muro e não é capaz
de se decidir por Jesus.
A segunda leitura nos diz, entre outras coisas, que
diante de uma economia que gera miséria para muitos e riqueza para poucos, os cristãos
são chamados a rezar. A oração deve ser em favor de todos os homens, também pelos
que governam, para que a paz seja uma realidade em nosso meio. Deus é o centro de
nossa vida, ou o é o consumismo, o prazer, o ter? Rezamos, como nos orienta São Paulo
ou achamos que nossa ação justifica nossa vida cristã?
Servir a Deus também
está em crer que, por melhor que seja nosso trabalho, sem a oração, sem nos colocarmos
humildemente à sua frente e pedirmos sua graça e ajuda, nada conseguiremos. Poderíamos
traduzir assim: não podemos servir a Deus e aos ídolos, sejam eles dinheiro, poder,
ter, prazer, agir. Tudo isso é muito bom, desde que subordiado ao Senhor, desde que
dentro da humilde atitude de valorizar o tempo com o Senhor, de ouvir o Senhor e agir,
em cada momento da vida, de acordo com o que ouvimos na oração. Aí o agir não será
nosso, mas de Deus.
Concluindo, sabemos quanto é difícil renunciar a tantas
coisas que nossa cupidez nos faz desejar com intensidade. Sabemos também que gostaríamos
que nossa vida fosse um sim pemanente a Jesus e plena de atos de solidariedade. O
mundo no qual vivemos, a sociedade a qual pertencemos nos cria ilusões que apesar
de sabermos serem bolhas de sabão, temos sérias dificuldades para desprezá-las. Vendo
tudo isso, São Paulo nos diz que nossa fraqueza só será transformada em força se conversarmos
com o Senhor. É na oração que está nosso fortalecimento e nossa salvação. A oração
irá nos inspirar, nos levará a opções verdadeiras, autênticas. Consequentemente será
muito natural servir a Deus e aos irmãos e nosso agir será cheio de justiça, de temor
de Deus e de fraternidade. (CAS)