2010-09-17 21:15:08

DISCURSO DO PAPA À SOCIEDADE CIVIL


Cidade do Vaticano, 17 set (RV) - Na tarde de hoje, Bento XVI foi recebido pelos presidentes das Câmara dos Lordes e da Câmara dos Comuns, por quem foi acompanhado ao local de onde fez seu discurso à sociedade civil, na Westminster Hall.

“Ao dirigir-me a vocês tenho consciência do privilégio que me é concedido de falar ao povo britânico – iniciou o Papa - e a seus representantes na Westminster Hall, um edifício que tem um significado único na história civil e política dos habitantes destas Ilhas. Permitam-me manifestar a minha estima pelo Parlamento, que há séculos tem sede neste lugar e que exerceu no mundo uma tão profunda influência no desenvolvimento de formas de governo participativas, especialmente na Commonwealth (Comunidade de nações britânicas, ndr) e mais em geral nos países de língua inglesa.”

O Santo Padre falou sobre política, história e parlamentarismo, sugerindo que “o mundo da razão e o mundo da fé – o mundo da secularidade racional e o mundo do credo religioso – precisam um do outro e não deveriam ter temor de entrar num profundo e contínuo diálogo, para o bem da nossa civilização.”

“Em outras palavras – disse o Papa -, a religião, para os legisladores, não é um problema a ser resolvido, mas um fator que contribui de modo vital para o debate público na nação. Em tal contexto, não posso deixar de expressar a minha preocupação diante da crescente marginalização da religião, em particular, do Cristianismo, que está tomando pé em alguns ambientes, inclusive em nações que atribuem à tolerância um grande valor.”

“Existem alguns que defendem que a voz da religião deveria ser silenciada – continuou - ou relegada à esfera puramente privada. Há alguns que defendem que a celebração pública de festividades como o Natal deveria ser desencorajada, segundo a discutível convicção de que ela poderia, de certo modo, ofender aqueles que pertencem a outras religiões ou a nenhuma. E existem outros ainda que – paradoxalmente com a finalidade de eliminar as discriminações – consideram que os cristãos que ocupam cargos públicos deveriam, em determinados casos, agir contra a sua consciência. Esses são sinais preocupantes da incapacidade de manter em justa consideração não só os direitos dos fiéis à liberdade de consciência e de religião, mas também o papel legítimo da religião na esfera pública.”

Bento VXI falou ainda sobre esse convite sem precedentes do país para a sua visita e lembrou os setores nos quais o Reino Unido se comprometeu junto à Santa Sé. “Houve, no campo da paz – afirmou - uma troca de pontos de vista acerca da elaboração de um tratado internacional sobre o comércio de armas; acerca dos direitos humanos, a Santa Sé e o Reino Unido viram positivamente o difundir-se da democracia, especialmente nos últimos 65 anos; no campo do desenvolvimento houve colaboração no perdão da dívida, no comércio equitativo e no financiamento ao desenvolvimento.

Bento VXI disse ainda que “esse olhar geral à cooperação recente entre Reino Unido e Santa Sé mostra bem quanto progresso foi feito nos anos passados, desde o estabelecimento de relações diplomáticas bilaterais, em favor da promoção no mundo dos muitos valores de fundo que partilhamos”.

“Espero e peço – continuou o Papa - que essa relação continue produzindo frutos e que se reflita numa crescente aceitação da necessidade de diálogo e respeito, em todos os níveis da sociedade, entre o mundo da razão e o mundo da fé.”

Dirigindo-se ao Presidente da Câmara dos Comuns e ao Presidente da Câmara dos Lordes, Bento XVI encerrou seu discurso com as seguintes palavras: “permita-me assegurar à senhora e ao senhor Presidente da Câmara dos Lordes as minhas felicitações e a minha constante oração por vocês e pelo frutuoso trabalho de ambas as Câmaras desse antigo parlamento. Obrigado, e Deus abençoe a todos!”. (RL/ED)







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