Papa encontra a Rainha Isabel II em Edimburgo. "Não se deixe obscurecer o fundamento
cristã que está na base das liberdades do Reino Unido”, salientou Bento XVI no discurso
de saudação
(16/9/2010) Bento XVI encontra-se desde a manhã desta quinta feira no Reino Unido
onde permanecerá até ao próximo domingo. Esta deslocação seguirá o lema “Coração
que fala ao coração”, expressão extraída de um dos muitos escritos de Newman, que
se converteu ao catolicismo em 1845. Bento XVI iniciou a visita por Edimburgo,
sendo recebido pela rainha de Inglaterra, Isabel II. No Palácio de Holyroodhouse,
saudou, no exterior, a rainha de Inglaterra, Isabel II, bem como várias personalidades. Seguidamente
entrou no Palácio, acompanhado pela monarca, e assinou o livro de visitas. “A liberdade
religiosa está na base da nossa sociedade democrática. Afirmou a Rainha Isabel II
no discurso de saudação ao Papa, prestando homenagem ao contributo da Igreja Católica
no sector escolar e na assistência social aos mais pobres. Mas, acrescentou, serve
uma maior confiança recíproca . A soberana britânica exaltou também aquilo que a
Santa Sé continua a fazer a nível internacional a favor da paz e da solução dos problemas
como a pobreza e mudanças climáticas”. Na sua saudação à rainha , Bento XVI, depois
de lhe agradecer e às outras autoridades do país o convite para esta visita, e o acolhimento
que lhe dispensam, referiu o significado do nome do palácio onde se encontravam –
“Santa Cruz”, que bem exprime as profundas raízes cristãs ainda agora presentes em
todos os extractos da vida britânica. Os monarcas da Inglaterra e da Escócia – recordou
o Papa - eram cristãos deste os primeiros tempos e incluem santos como Eduardo o Confessor
e Margarida da Escócia. Muitos deles exerceram conscienciosamente os seus deveres
de soberanos, à luz do Evangelho, modelando de tal modo a nação no bem, em profundidade.
“A
mensagem cristã tem sido parte integrante da linguagem, do pensamento e da cultura
das populações destes Ilhas, por mais de mil anos. O respeito dos vossos antepassados
pela verdade e pela justiça, pela clemência e pela caridade, chega até vós, a partir
da fé que permanece uma potente força para o bem no vosso reino, com grande benefício
quer para os cristãos, quer para os não-cristãos”.
Bento XVI recordou também
personagens de tempos mais recentes, como Wiliam Wilforce e David Livingstone, que
actuaram para pôr termo ao tráfico dos escravos, e mulheres como Florence Nightingale,
que, inspiradas pela sua fé, se dedicaram ao serviço dos pobres e doentes. Finalmente
uma referência a John Henry Newman, “um dos muitos britânicos cristãos da sua época
(disse), em que bondade, eloquência e acção foram uma honra para os seus concidadãos”. O
Papa Ratzinger recordou ainda a firmeza e coragem manifestada pelos Britânicos na
resistência “contra a tirania nazista que pretendia erradicar Deus da sociedade e
negava a nossa comum humanidade a muitos, especialmente aos judeus, considerados indignos
de viver”.
“Possam os Britânicos continuar a viver de acordo com os valores
de honestidade, respeito e equilíbrio que granjearam a estima e a admiração de muitos”.
Bento
XVI concluiu o primeiro discurso no Reino Unido, na cerimónia de acolhimento da parte
da rainha Isabel II, em Edimburgo, recordando que o país se esforça por ser hoje em
dia uma sociedade moderna e multicultural, promovendo a paz das nações, o desenvolvimento
integral dos povos e a difusão dos autênticos direitos humanos.
“Nesta exigente
empresa, possa o Reino Unido manter o seu respeito por aqueles valores tradicionais
e expressões culturais que formas mais agressivas de secularismo já não apreciam nem
toleram. Não se deixe obscurecer o fundamento cristã que está na base das suas liberdades;
e que este património – que sempre serviu para o bem da nação – possa plasmar constantemente
o exemplo do Seu governo e do Seu povo, em relação aos dois biliões de mebros da Comunidade
Britânica, como também da grande família de nações anglófonas em todo o mundo. Que
Deus abençoe vossa Majestade e toda a população do seu reino. Obrigado”.
Esta tarde, com inicio ás 17h15, hora local. preside a uma missa campal em Glasgow,
deixando depois a Escócia a caminho de Londres, onde pernoita.