2010-09-14 12:24:48

Bispos belgas tomam providências perante os casos de pedofilia


Os bispos da Bélgica “estão determinados a tirar as lições que se impõem depois dos acontecimentos horríveis destes últimos meses” relativos ao abuso sexual de menores por parte de padres. Em conferência de imprensa que teve lugar nesta segunda-feira em Bruxelas, o presidente da Conferência Episcopal Belga anunciou que os prelados estão dispostos a colaborar com vítimas e especialistas com vista à abertura de um “centro para o reconhecimento, cura, readaptação e reconciliação”.
A primeira das medidas avançadas pelos bispos consiste em envolver as vítimas no planeamento de iniciativas que visem atenuar os prejuízos causados pelos casos de pedofilia. “Quatro especialistas serão colocados à disposição para estabelecer discussões preliminares sobre as possibilidades de colaboração entre todas as partes interessadas, incluindo as vítimas”, indica a nota da Conferência Episcopal.
Até à entrada em funcionamento do centro, que deverá ocorrer até ao fim deste ano, será aberta uma estrutura informativa, com poderes limitados, para onde os interessados podem pedir esclarecimentos através de telefone ou correio electrónico.

Há poucos dias, uma comissão de investigação da Igreja Católica belga tinha divulgado um relatório sobre os abusos sexuais praticados pela Igreja Católica nesse país, apoiando-se em centenas de relatos das supostas vítimas. Os testemunhos relatam casos de abusos a crianças ao longo de décadas, entre os anos 50 e 80. Vítimas dos abusos sexuais de eclesiásticos, 13 das vítimas suicidaram-se e outras seis pessoas tentaram fazâ-lo, sem sucesso.
Peter Adriaenssens, o presidente da comissão responsável pela investigação, dá conta de 507 testemunhas. “As vítimas esperam e merecem uma Igreja corajosa, que não tenha medo de enfrentar a sua vulnerabilidade, que reconheça e que coopere para encontrarmos as respostas”. A maioria destes casos chegou à comissão depois de Roger Vangheluewe, um bispo da Igreja ter sido demitido, acusado de violar o seu sobrinho entre 1973 e 1986. Desde a sua saída as denúncias multiplicaram-se.
Quase todos os violadores seriam membros eclesiásticos, mas há também denúncias a pessoas que aliciavam as crianças “depois da missa”, explica o relatório. Das 507 vítimas, 327 são do sexo masculino e a maioria teria 12 anos de idade. A investigação revela que metade dos religiosos acusados já morreu e, mesmo nos casos em que os agressores ainda vivem, a maioria dos delitos prescreveu, pelo que os casos não podem ser levados à justiça.
Como não podia deixar de ser, a dimensão dos abusos sexuais cometidos por religiosos na Bélgica abala profundamente o país.








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