RELIGIÃO, FAMÍLIA E MÍDIA NORTEIAM DISCURSO DO PAPA A EMBAIXADOR DA ALEMANHA
Castel Gandolfo, 13 set (RV) - Deus, família, biotecnologias e mídia: foram
esses os pontos centrais do discurso que o Papa dirigiu ao novo Embaixador extraordinário
e plenipotenciário da Alemanha junto à Santa Sé.
De fato, Bento XVI recebeu
esta manhã, na residência pontifícia de verão de Castel Gandolfo, Walter Jürgen Schmid,
para a apresentação de suas credenciais.
O Pontífice falou de um empenho do
governo federal a intervir "de modo compensador e pacificador" em casos de confusão
na mídia.
"Se Deus não tem uma vontade própria, o bem e o mal acabam não sendo
mais distinguíveis": assim o Santo Padre explicou que colocando Deus de lado, "o homem
perde a sua força moral e espiritual". E isso significa uma falta no "desenvolvimento
total da pessoa", uma carência na "cultura da pessoa".
O resultado é que "o
agir social é dominado sempre mais pelo interesse privado ou pelo cálculo do poder,
em detrimento da sociedade". Daí, a missão dos homens de fé: acompanhar "de modo positivo
e crítico o desenvolvimento de novas relações entre Estado e religião, também para
além das grandes Igrejas cristãs até então determinantes".
Reencontrar "o forte
apego à religião" de que deram prova homens de fé e mártires do passado". Em definitiva,
manter alto o nível daquela "cultura da pessoa". O Papa afirmou:
"Pode verificar-se
que numa sociedade a cultura da pessoa se abaixe", e depois convidou a se refletir
sobre um dado de fato: não raramente, isso deriva, paradoxalmente, do crescimento
do padrão de vida."
E o Pontífice deu exemplos de preocupações concretas da
Igreja.
Primeiro: "a crescente tentativa de eliminar o conceito cristão de
matrimônio e família da consciência da sociedade". A Igreja – reiterou Bento XVI –
não pode aprovar iniciativas legislativas que implicam uma reavaliação de modelos
alternativos da vida do casal e da família". E explicou o motivo: levam "ao enfraquecimento
dos princípios do direito natural, e assim, à relativização de toda a legislação e
também à confusão acerca dos valores na sociedade".
O segundo exemplo concerne
às novas possibilidades da biotecnologia e da medicina. O Papa ressaltou o desafio
que representam dizendo: colocam-nos em situações difíceis que assemelham a um trilhar
por um caminho dificultoso.
Ressaltou o dever de "estudar diligentemente até
onde esses métodos podem servir de ajuda para o homem e onde, ao invés, se trata de
manipulação do homem, de violação da sua integridade e dignidade". "Não devemos rejeitar
esses desenvolvimentos – recomendou – mas devemos estar muito vigilantes."
Fala-se muito de "construção da sociedade humana", e o Pontífice acrescentou outro
elemento importante: a "fidelidade à verdade". "Certos fenômenos que se verificam
no âmbito da mídia pública nos fazem refletir: encontrando-se em concorrência cada
vez maior, os meios de comunicação se sentem impelidos a suscitar a maior atenção
possível".
Ademais, recordou o Santo Padre, "de modo geral, é o contraste que
faz notícia", mesmo se em detrimento da veracidade do fato. A esse propósito e olhando
para a situação na Alemanha, o Papa afirmou: "Acolhe-se de modo favorável a intenção
do Governo Federal de empenhar-se em tais casos, o quanto possível, de modo compensador
e pacificador". (RL)