2010-09-13 18:35:22

Não alimentar o ódio, rezar juntos pelas vítimas do terrorismo e dar tempo para cicatrizar as feridas: arcebispo de Nova Iorque entrevistado pela RV


O mundo viveu, nas semanas passadas um forte foco de tensão, antes do nono aniversário do 11 de Setembro. Primeiro pela contestação à construção de uma mesquita na zona do “Ground Zero”, em Nova Iorque, onde foram abatidas as Torres Gémeas, e depois devido à insensata iniciativa de um pastor protestante que propunha que naquela data comemorativa se procede a queimar exemplares do livro sagrado do Islão – o Alcorão. Unânime a condenação internacional. Também a Santa Sé, através do Conselho para o Diálogo Inter-religioso exprimiu a sua total oposição a um gesto que só poderá suscitar mais ódio no mundo e graves consequências para a segurança dos cristãos, nos países de maioria islâmica.
A RV recolheu um depoimento do arcebispo de Nova York, Timothy Dolan. Entrevistado telefonicamente por Alessandro Gisotti, o prelado criticou duramente a proposta da Jornada para o rogo do Corão:
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- Não é uma coisa boa, é contra a Bíblia, é contra a verdadeira religião, contra a verdadeira fé!
- Queimar o Alcorão é um acto de violência e um acto de divisão num dia (11 de Setembro) que pretende ser (nomeadamente) nos Estados Unidos, uma jornada de memória e de reconciliação...
- Especialmente, aqui em Nova Iorque, o 11 de Setembro é um dia de memória para todos – para os católicos, para os muçulmanos, para os judeus. Nós encontramo-nos todos juntos para um acontecimento que passou a ser uma solenidade, em Nova Iorque. É uma festa de oração, uma festa de paz e justiça. Toda a cidade de Nova Iorque se reúne para recordar todas as pessoas que morreram no ataque do 11 de Setembro. Não é uma jornada contra ninguém, não contra os islâmicos. O 11 de Setembro aqui em Nova Iorque representa uma ponte entre as religiões… É uma ocasião de oração. Todos estão unidos nesta jornada. Não é uma jornada de ódio, é uma jornada de amor, de fé, de esperança, de oração.
- Senhor arcebispo: as reacções ao projecto da mesquita perto do Ground Zero demonstram, sem dúvida, que o 11 de Setembro é uma ferida ainda aberta para muitos americanos e sobretudo para muitos nova-iorquinos…
- Sim, infelizmente a ferida está ainda aberta, mas pelo menos todos dialogam. Há tantos valores: aqui na América há o valor da liberdade religiosa e há uma grande tradição de hospitalidade, especialmente em relação a todos os emigrados. Isto é um valor americano, é um valor católico, é um valor da nossa Igreja. Está claro que há ainda muito sofrimento e as pessoas – especialmente aqui em Nova Iorque, nas famílias que perderam alguns dos seus membros – dizem: “Temos muito respeito pela comunidade islâmica, mas, por favor, há que ter um pouco de paciência, dêem-nos tempo. É possível que esta ideia de construir uma mesquita na zona onde estavam as Torres Gémeas seja um decisão demasiado rápida, porque a ferida ainda está aberta. É preciso dar tempo ao tempo, para que a ferida possa cicatrizar, porque este lugar é para nós como que uma “nova Lourdes” na América, porque há tantas lágrimas e é para nós um lugar de oração, um lugar para esperar no futuro, para imaginar um tempo em que deixe de haver guerra e violência.








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