2010-09-13 15:33:43

Deus, família, biotecnologias e meios de comunicação: temas abordados pelo Papa ao receber o novo Embaixador alemão


Recebendo nesta segunda-feira em Castel Gandolfo as Cartas Credenciais do novo Embaixador da Alemanha junto da Santa Sé, Walter Schmid, Bento XVI reafirmou a posição da Igreja em relação às novas possibilidades oferecidas pela biotecnologia e pela medicina, reconhecendo os passos em frente alcançados nestes campos, mas advertindo que tal não deve levar a formas de manipulação da dignidade humana.
O Papa Ratzinger exortou os seus concidadãos a considerarem como “luminosas indicações” para o presente os gestos heróicos e as corajosas palavras de diversos sacerdotes mártires do período do regime nazista, que serão beatificados nos próximos tempos: padre Gerhard Hirschfelder, no próximo domingo, em Munster, e depois, no próximo ano, um outro sacerdote, em Wurzburg. Finalmente, em Lubeca, outros três padres católicos, unidos pela amizade entre si e com um pastor protestante, que caíram todos eles vítimas dos nazis. “A comprovada amizade destes quatro eclesiásticos – disse o Papa – constitui um impressionante testemunho do ecumenismo da oração e do sofrimento, que floresceu em diversos lugares, durante o obscuro período do terror nazista”.
“Para o nosso caminho comum podemos ver estas testemunhas como luminosas indicações. Contemplando estas figuras de mártires, aparece cada vez mais claro e exemplar o facto de certos homens estarem dispostos, a partir da sua convicção cristã, a darem a vida pela fé, pelo direito a exercer livremente o próprio credo, pela liberdade de palavra, pela paz e pela dignidade humana”.

Hoje em dia, felizmente, prosseguiu o Papa, vivemos numa sociedade livre e democrática. Mas ao mesmo tempo notemos que em muitos dos nossos contemporâneos falta um forte apego à religião, de que deram prova estas testemunhas da fé. A tal ponto que – acrescentou textualmente Bento XVI – nos poderíamos perguntar se haverá ainda hoje cristãos que, sem compromissos, se tornem garantes da própria fé”. E acrescentou ainda:
“Se Deus não tem uma própria vontade, o bem e o mal acabam por já não se distinguir. O bem e o mal já não estão em contradição entre si, mas numa oposição em que um seria complementar do outro. E o homem perde assim a sua força moral e espiritual, necessária para um desenvolvimento global da pessoa. O agir social fica cada vez mais dominado pelo interesse privado e pelo cálculo do poder, em prejuízo da sociedade.”
Daqui, segundo o Papa, há uma missão que toca aos homens de fé: seguir “de modo positivo e crítico o desenvolvimento de novas relações entre Estado e religião, mesmo para além das grandes Igrejas cristãs até agora determinantes”. Em última análise, trata-se de manter elevado o nível daquela “cultura da pessoa” de que falava uma vez João Paulo II. Ora – sublinhou o Papa Ratzinger – verifica-se hoje em dia que se vai reduzindo, em certas sociedades, esta cultura da pessoa. E apresentou dois exemplos concretos, que suscitam a preocupação da Igreja.
Primeiro: “crescente tentativa de eliminar da consciência da sociedade o conceito cristão de matrimónio e da família”. A Igreja – reafirmou Bento XVI – não pode aprovar iniciativas legislativas que impliquem uma valorização de modelos alternativos de casal e de família”. E isso porque levam “ao enfraquecimento dos princípios do direito natural e, portanto, à relativização de toda a legislação e mesmo à confusão sobre os valores da sociedade”.
O segundo exemplo aduzido pelo Papa diz respeito às novas possibilidades da biotecnologia e da medicina. O Papa sublinhou o desafio que representam e o dever de “estudar diligentemente até que ponto estes métodos podem constituir uma ajuda para o homem e quais os casos em que pelo contrário se trata da manipulação do homem, de violação da sua integridade e dignidade”.
“Não podemos recusar estes desenvolvimento, mas devemos ser muito vigilantes. Quando se começa a distinguir – e isso acontece já muitas vezes no seio materno – entre vida que merece ou não merece ser vivida, nesse caso não se poupará nenhuma outra fase da vida, menos ainda a velhice e a enfermidade”.
Finalmente, e sempre no âmbito da “fidelidade à verdade”, uma referência do Papa a certos fenómenos que têm lugar no âmbito dos meios públicos de comunicação, os quais, enfrentando uma concorrência sempre crescente, são levados a suscitar o máximo de atenção possível”, recorrendo à lei mediática do contraste, mesmo em detrimento da veracidade dos factos.









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