2010-09-13 12:43:33

Bispos chamados ao exercício da autoridade e da caridade, de modo "forte e decidido, justo e sereno", em clima de acolhimento e de afecto: Bento XVI aos bispos de recente nomeação


O Bispo está chamado a ser “forte e decidido, justo e sereno”, sendo ao mesmo tempo “pai, irmão e amigo” no caminho humano e cristão, com um “discernimento sapiencial das pessoas, da realidade e dos acontecimentos”. Recordou-o Bento XVI nesta segunda-feira de manhã, recebendo em Castelgandolfo uns 120 bispos recentemente nomeados, de variadas partes do mundo, que participaram nos últimos dias em Roma num Encontro promovido pela Congregação para as Bispos, sob a responsabilidade do novo Prefeito, o cardeal Marc Ouellet.
O Papa evocou “algumas expressões de São Tomás de Aquino que – disse – podem constituir, para cada Bispo, um autêntico programa de vida”. Comentando a expressão de Jesus no Evangelho de João “O Bom Pastor oferece a vida pelas suas ovelhas”, São Tomás observa que o pastor consagra a sua pessoa no “exercício da autoridade e da caridade”, e sublinha que ambos os aspectos são importantes: é preciso que as ovelhas lhe obedeçam, mas é também preciso que o pastor as ame. Não é suficiente a autoridade sem a caridade. Justamente a Constituição dogmática sobre a Igreja, “Lumen gentium”, recorda aos bispos que devem dar contas a Deus pelas almas dos fiéis que lhes estão confiados, com a oração, a pregação e todo o tipo de obras de caridade, e deve sentir-se também responsável mesmo daqueles que não são ainda do seu rebanho. Como o Apóstolo Paulo, também ele é “devedor de todos”.

“A missão do Bispo não pode ser entendida com a mentalidade da eficiência e da eficácia de quem ser preocupa sobretudo com o que há a fazer, mas há que ter sempre em conta a dimensão ontológica que está na base da dimensão funcional. De facto, pela autoridade de Cristo de que está revestido, quando se senta na sua Cátedra, está colocado “acima” e “em face da” comunidade, na medida em que ele existe “para” a comunidade à qual dirige a sua solicitude pastoral”.
Neste contexto, Bento XVI evocou a “Regra Pastoral” de São Gregório Magno, classificando-a como o primeiro “Directório” para os Bispos de toda a história da Igreja. Aquele santo Papa classifica o governo pastoral como “a arte das artes” e considera que exerce bem o governo quem sabe “ser igual aos outros e dominar sobre os vícios, mais do que sobre os irmãos”.
Reflectindo sobre a liturgia da ordenação episcopal, e o significado da entrega do anel – “sinal de fidelidade”, para “defender e conservar a Santa Igreja, Esposa de Cristo, na integridade da fé e na pureza de vida”, Bento XVI deixou, porém, uma advertência.
“O conceito de defender e conservar não quer apenas dizer conservar o que está já estabelecido – embora não deva faltar este elemento – mas inclui também, na sua essência, o aspecto dinâmico, isto é, uma perpétua tendência concreta ao aperfeiçoamento, em plena harmonia e contínuo adequação às novas exigências surgidas do desenvolvimento e do progresso daquele organismo vivo que é a comunidade”.
Recordando que um Bispo tem “grandes responsabilidades em relação ao bem, não só da diocese, mas da sociedade, estando chamado a ser “forte e decidido, justo e sereno”, para um discernimento sapiencial das pessoas, da realidade e dos acontecimentos”, atitude exigida pela tarefa que lhe toca de ser “pai, irmão e amigo”, no caminho cristão e humano.
“Trata-se de uma profunda perspectiva de fé e não simplesmente humana, administrativa ou de tipo sociológico, aquela em que se situa o ministério do Bispo, o qual não é um mero governante, ou um burocrata, ou um simples moderador e organizador da vida diocesana. São a paternidade e a fraternidade em Cristo que dão ao Superior a capacidade de criar um clima de confiança, de acolhimento, de afecto, mas também de franqueza e de justiça".







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