Papa exorta bispos brasileiros ao empenho evangelizador e ao diálogo com os outros
cristãos, sem cair no indiferentismo doutrinal
O diálogo entre os cristãos é “uma opção irreversível da Igreja” – assegurou o Santo
Padre, recebendo esta manhã em Castelgandolfo vinte e oito bispos brasileiros da Região
Nordeste III. Bento XVI referiu (citamos) “a clara necessidade que a Igreja católica
no Brasil se empenhe numa nova evangelização que não poupe esforços na busca de católicos
afastados bem como daquelas pessoas que pouco ou nada conhecem sobre a mensagem evangélica,
conduzindo-os a um encontro pessoal com Jesus Cristo, vivo e operante na sua Igreja”.
Precisamente
em ordem a esta indispensável evangelização e re- evangelização, a falta de unidade
dos cristãos “é causa de escândalo que acaba por minar a credibilidade da mensagem
cristã proclamada na sociedade”. Em todo o caso – reconheceu o Papa – não são poucos
os obstáculos com que se defronta a busca da unidade dos cristãos:
“Primeiramente,
deve-se rejeitar uma visão errónea do ecumenismo, que induz a um certo indiferentismo
doutrinal que procura nivelar, num irenismo acrítico, todas as “opiniões” numa espécie
de relativismo eclesiológico. Paralelamente a isto está o desafio da multiplicação
incessante de novos grupos cristãos, alguns deles fazendo uso de um proselitismo agressivo”.
Neste contexto, Bento XVI citou o que ele própria disse em 2007, no Brasil,
“na catedral de São Paulo, no “inesquecível encontro” ali tido com os Bispos brasileiros:
«é
indispensável uma boa formação histórica e doutrinal, que habilite ao necessário discernimento
e ajude a entender a identidade específica de cada uma das comunidades, os elementos
que dividem e aqueles que ajudam no caminho da construção da unidade. O grande campo
comum de colaboração devia ser a defesa dos fundamentais valores morais, transmitidos
pela tradição bíblica, contra a sua destruição numa cultura relativista e consumista;
mais ainda, a fé em Deus criador e em Jesus Cristo, seu Filho encarnado».
O
Santo Padre congratulou-se com os passos positivos já dados, no Brasil, neste sentido,
nomeadamente o diálogo com as Igrejas e comunidades eclesiais pertencentes ao Conselho
Nacional das Igrejas Cristãs, que com iniciativas como a Campanha da Fraternidade
Ecuménica ajudam a promover os valores do Evangelho na sociedade brasileira:
“o
diálogo entre os cristãos é um imperativo do tempo presente e uma opção irreversível
da Igreja. Entretanto, como lembra o Concílio Vaticano II, o coração de todos os esforços
em prol da unidade há de ser a oração, a conversão e a santificação da vida. É o Senhor
quem doa a unidade, esta não é uma criação dos homens; aos pastores lhes corresponde
a obediência à vontade do Senhor, promovendo iniciativas concretas, livres de qualquer
reducionismo conformista, mas realizadas com sinceridade e realismo, com paciência
e perseverança que brotam da fé na acção providencial do Espírito Santo.”