PAPA A BISPOS DE BAHIA E SERGIPE: PROMOVER VALORES DO EVANGELHO NA SOCIEDADE BRASILEIRA
Castel Gandolfo, 10 set (RV) - Bento XVI recebeu em audiência no final da manhã
desta sexta-feira, na Sala dos Suíços, em Castel Gandolfo, os bispos do Regional Nordeste
3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – Regional formado pelos estados
de Bahia e Sergipe – na conclusão de sua quinquenal visita "ad Limina".
O esperado
encontro em grupo dos 28 bispos em visita "ad Limina" teve início com o discurso de
saudação dirigido ao Santo Padre pelo Bispo de Itabuna e Presidente do Regional, Dom
Ceslau Stanula.
A seguir, apresentamos um resumo do discurso de Dom Stanula
dirigido ao Pontífice:
"Beatíssimo Padre, ansiosamente esperávamos a chegada
deste feliz momento do encontro com Vossa Santidade na visita “ad Limina Apostolorum”.
Viemos aqui como sucessores dos apóstolos a fim de venerar os túmulos dos Apóstolos
Pedro e Paulo, encontrarmo-nos com o Bispo de Roma e reafirmar a nossa comunhão com
o sucessor de Pedro (...) Trazemos também a saudação dos aproximadamente 16 milhões
de pessoas que estão entregues ao nosso pastoreio nestes dois Estados: Bahia e Sergipe. (...)
Como pastores, estamos nos esforçando para dar uma formação adequada aos nossos seminaristas,
para que possam responder às necessidades do tempo em que vivemos e aos anseios do
povo de Deus. Estamos atentos também à formação espiritual e emocional dos nossos
seminaristas formando-os para a fidelidade a Deus e ao povo. Preocupa-nos
o aumento do número das pessoas que se declaram sem religião. São pessoas que não
se dizem atéias, mas indiferentes às realidades sobrenaturais, a qualquer religião;
e o número destas está bastante elevado. Se houve, anos atrás, o crescimento das seitas,
principalmente daquelas que confessam a chamada teologia da prosperidade, hoje o número
delas está diminuindo, mas cresce o número dos sem religião. Como conseqüência diminui
o número dos batizados e principalmente o dos casamentos religiosos. Na
área familiar, preocupa-nos o aumento das separações e dos casamentos de uma segunda
união. Procuramos também acolher e atingir estas famílias através da nossa pastoral
familiar. Como pastores, preocupa-nos a violência, principalmente nas cidades,
e de modo especial entre os jovens. A vida não está sendo valorizada. Entre as causas
da violência poderíamos enumerar a pobreza, o desemprego, a fragilidade da vida familiar
e o relativismo religioso. Estes problemas nos questionam e nos interpelam a procurar
novas formas da pastoral a fim de atingir essas pessoas (...) Imploramos ao Senhor
do Bonfim, Padroeiro da Bahia e aos Padroeiros das nossas Dioceses para que protejam
Vossa Santidade na direção da Barca de Pedro que é a Igreja Católica."
Dom Ceslau concluiu
sua saudação pedindo para todos os fiéis, para todos da Bahia e Sergipe, a confortadora
Bênção Apostólica do Santo Padre.
A seguir, o Pontífice dirigiu seu discurso
aos bispos do Regional Nordeste 3. Após saudar calorosamente os 28 bispos presentes,
e agradecer as palavras que lhe foram dirigidas por Dom Ceslau, Bento XVI ressaltou:
"Há
mais de cinco séculos, justamente na vossa região, se celebrava a primeira Missa no
Brasil, tornando realmente presente o Corpo e o Sangue de Cristo para a santificação
dos homens e das mulheres desta bendita nação que nasceu sob os auspícios da Santa
Cruz. Era a primeira vez que o Evangelho de Cristo vinha a ser proclamado a este povo,
iluminando a sua vida diária. Esta ação evangelizadora da Igreja Católica foi e continua
sendo fundamental na constituição da identidade do povo brasileiro caracterizada pela
convivência harmônica entre pessoas vindas de diferentes regiões e culturas."
Em seguida,
o Papa frisou que apesar de os valores da fé católica terem moldado o coração e o
espírito brasileiros, hoje se observa uma crescente influência de novos elementos
na sociedade, que há algumas décadas eram-lhe praticamente alheios.
Dito isso,
o Pontífice evidenciou a questão do abandono de muitos católicos da vida eclesial
ou mesmo da Igreja, enquanto no panorama religioso do Brasil se assiste à rápida expansão
de comunidades evangélicas e neo-pentecostais.
"Em certo sentido as razões
que estão na raiz do êxito destes grupos são um sinal da difundida sede de Deus entre
o vosso povo. É também um indício de uma evangelização, a nível pessoal, às vezes
superficial; de fato, os batizados não suficientemente evangelizados são facilmente
influenciáveis, pois possuem uma fé fragilizada e muitas vezes baseada num devocionismo
ingênuo, embora, como disse, conservem uma religiosidade inata."
Diante dessa
situação, Bento XVI advertiu uma imperiosa necessidade:
"Com o crescimento
de novos grupos que se dizem seguidores de Cristo, ainda que divididos em diversas
comunidades e confissões, faz-se mais imperioso, da parte dos pastores católicos,
o compromisso de estabelecer pontes de contato através de um sadio diálogo ecumênico
na verdade. Tal esforço é necessário, antes de qualquer coisa, porque
a divisão entre os cristãos está em contraste com a vontade do Senhor de que «todos
sejam um» (Jo 17,21). Além disso, a falta de unidade é causa de escândalo que acaba
por minar a credibilidade da mensagem cristã proclamada na sociedade."
O Santo Padre
concluiu concedendo a todos a sua Bênção Apostólica. (RL)
Ainda sobre o encontro
dessa manhã com o Papa, eis o que disse o Bispo de Irecê, na Bahia, Dom Tommaso Cascianelli,
entrevistado pelo nosso colega Alberto Goroni: