Juiz de Fora, 10 set (RV) - A parábola do Pai Misercordioso é um retrato fiel
da misericórdia de Deus, como são também outras passagens, mas, aqui, Jesus explicita,
de maneira perfeita, o perdão divino. Os cristãos se reúnem para celebrar a fé e a
caminhada rumo à liberdade e à vida, tendo Deus como líder e autor da vida em plenitude
para todos. Ele não nos rejeita por sermos pecadores. Ao contrário, procura-nos incansavelmente
para conosco celebrar o banquete festivo da fraternidade. A Eucaristia é a celebração
do amor de Deus em nossa vida: “Esse homem acolhe pecadores e come com eles!” Mais
ainda: Jesus nos acolhe em sua casa e se entrega a nós. Entretanto, a Eucaristia
não cessa de apontar as idolatrias e os farisaísmos dos cristãos: o fato de comungarmos
o corpo do Senhor não nos coloca acima dos outros. Se nos consideramos melhores, certamente
Jesus armará sua tenda fora de nossas igrejas e comunidades. Nós não somos os noventa
e nove justos que não precisam de conversão. Somos a ovelha extraviada e a moeda perdida.
E, talvez, sejamos também “o filho mais velho”, que ainda não compreendeu o amor preferencial
do Pai pelos marginalizados e pecadores. São Paulo nos lembra que devemos professar
a fé em Cristo, que veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais nós somos os
primeiros. O amor de Deus, como o do pai na parábola do Pai Misericordioso, possibilita
nossa volta a Ele. Deus nos ama sem condições e responde com amor ao nosso desamor.
Entender esse amor faz-nos perceber que perdemos nosso tempo e nossa vida quando estamos
distantes d'Ele. Perder Deus é perder a vida e o sentido de tudo; é ficar na lama,
no vazio, na solidão. Há sempre festa na casa do Pai quando algum pecador se converte.
E há também uma desproporção incalculável entre Deus e o pecado, entre o que “vemos”
em Deus e sua atitude de Pai que acolhe o perdão.+ Eurico dos Santos Veloso Arcebispo
Emérito de Juiz de Fora(MG)