A música sacra de Mozart é uma alta expressão de fé: Bento XVI no final da execução
do Requiem mozartiano, em Castelgandolfo
Nesta terça
à tarde, no pátio interior da residência de Castelgandolfo, teve lugar um concerto
oferecido ao Papa pela Pontifícia Academia das Ciências. Foi executada a Missa de
Requiem em re menor, K 626, de Wolfgang Amadeus Mozart. Actuou a Orquestra de Pádua
e da região de Veneza, dirigida pelo maestro Cláudio Desderi. Coro “Academia da Voz”
de Turim, dirigido por Sónia Franzese. No final do concerto, o Santo Padre tomou
a palavra, para agradecer aos artistas protagonistas e aos organizadores desta iniciativa
artística.
Bento XVI fez questão de recordar o “afecto particular” que “desde
sempre” o liga a Mozart. “Cada vez que escuto a sua música – confidenciou – não posso
deixar de pensar na minha igreja paroquial, quando, em pequeno, nos dias de festa,
ali ressoava uma das suas “Missas”. Momentos em que se sentia interiormente, como
que tocado por “um raio da beleza do Céu”. Experiência que se repetiu neste concerto
do Requim mozartiano, ao escutar (disse) “esta grande meditação, dramática mas serena,
sobre a morte”.
“Em Mozart, cada coisa se encontra em perfeita harmonia, cada
nota, cada frase musical é assim e não poderia ser de outro modo. Até mesmo os opostos
se reconciliaram. Tudo está envolvido, em cada momento, pela serenidade mozartiana. É
um dom da Graça de Deus, mas é também um fruto da viva fé de Mozart, que – especialmente
na sua música sacra – consegue deixar transparecer a luminosa resposta do Amor divino,
que dá esperança, mesmo quando a vida humana se encontra dilacerada pelo sofrimento
e pela morte”.
“O Requiem de Mozart é uma alta expressão de fé, que
bem conhece a dimensão trágica da existência humana e que não silencia os seus aspectos
dramáticos, e é portanto uma expressão de fé propriamente cristã, consciência de que
toda a vida do homem é iluminada pelo amor de Deus”.