A urgência dar mais atenção à protecção de crianças e adolescentes de risco
(4/9/2010) Nesta sexta feira em que se conheceu a sentença do processo Casa Pia (
seis homens condenados por abuso sexual de menores em Portugal, entre eles um ex-diplomata,
um apresentador de televisão e um médico, o presidente da Confederação Nacional das
Instituições de Solidariedade (CNIS) considera o caso “Casa Pia” como um alerta para
que se lance um olhar mais atento para a questão da protecção das crianças e adolescentes
de risco, em Portugal. De acordo com o padre Lino Maia, “o caminho tem de passar,
cada vez mais, pelo recurso a pequenas instituições especializadas, servidas por pessoas
com um tipo de preparação mais específica, e que saibam lidar com os problemas de
uma forma adequada”. O presidente do CNIS aponta também para o facto de Portugal
não possuir um centro com preparação específica para acolher crianças e jovens vítimas
de abuso sexual, “apesar de ser uma matéria para a qual tem vindo a alertar, numa
tentativa de despertar consciências para um problema cada vez mais presente na sociedade”. Hoje
em dia, as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), que são tuteladas
pela CNIS, albergam cerca de nove mil crianças e adolescentes, um número distribuído
por 110 instituições no país. Há sobretudo falta de pessoal especializado, com
formação em áreas como a psicologia, a educação e a assistência social. Sem formação
e ferramentas adequadas, as IPSS não conseguem corresponder à multiplicidade de situações
que têm que resolver. Vítimas de negligência e abandono, de maus-tratos, de abusos
sexuais, adolescentes vindos de famílias instáveis e problemáticas, jovens com comportamentos
anti-sociais, desestruturados, que saíram da escola, que não têm perspectivas, a carência
económica e habitacional, a queda na criminalidade e na toxicodependência.