A vida é um «choque com a eternidade, violento, surpreendente e inesperado», disse
Cardeal Patriarca de Lisboa na missa exequial de D. Tomaz Silva Nunes
(2/9/2010) Cerca de mil pessoas participaram esta manhã na missa de exéquias de D.
Tomaz da Silva Nunes, bispo auxiliar de Lisboa que se realizou na Igreja de Nossa
Senhora de Fátima, na capital portuguesa.. Entre os participantes na eucaristia,
presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, estiveram cerca de
15 bispos, mais de 200 padres e 15 diáconos, além de membros de congregações religiosas
e leigos. Na homilia, o Cardeal Patriarca lembrou o momento em que, há 12 anos,
impôs as mãos sobre D. Tomaz Nunes para o ordenar bispo. Nesse dia, disse D. José
Policarpo, “estivemos aqui, nesta igreja com tantos ou mais bispos do que hoje, com
o clero de Lisboa cheio de alegria”. Logo a seguir, “o senhor D. Tomaz foi daqui
para o hospital, para fazer uma intervenção cirúrgica que o médico não queria atrasar
nem 24 horas. E o Senhor deu-lhe ainda estes anos de saúde e de jovialidade ao serviço
da Igreja”. O Cardeal Patriarca evocou o momento em que se deparou com a morte
do bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã. “Ontem,
quando entrei no quarto do senhor D. Tomaz e vi o seu corpo sem vida, não senti que
a vida é um choque com o futuro, mas senti muito profundamente que é um choque com
a eternidade, violento, surpreendente e inesperado”, disse o prelado. “Jesus –
prosseguiu – tinha-nos avisado. Mas nós esquecemos com tanta facilidade esse aviso
tantas vezes repetido: ‘Virei quando menos se espera’.” Para D. José Policarpo,
“a morte é, sob o ponto de vista humano, a mais radical experiência de solidão, mesmo
que os outros estejam à nossa volta, e só Deus a pode vencer". “O senhor D. Tomaz
morreu sozinho e nós estávamos lá, perto dele. Mas ele não pôde sentir o calor da
nossa amizade naquele momento difícil”, lembrou o Cardeal Patriarca. Referindo-se
à experiência da morte e à sua relação com a vida, D. José Policarpo sublinhou que
o “choque com a eternidade será libertador se o experimentarmos permanentemente com
Jesus ressuscitado”. “Jesus Cristo, na sua Páscoa, surge como essa experiência
fundamental de humanidade que encerra a sua única verdadeira esperança, que é mitigar
esse choque com a eternidade e fazer dele um encontro jubiloso”, referiu. “A experiência
ao longo dos séculos deixa-nos clareiras de esperança para acreditarmos que esse momento
é um momento de grande júbilo", afirmou o prelado, que no entanto advertiu: “Ai daqueles
que nesse momento derradeiro negam o encontro com Deus.” Sobre a urna fechada de
D. Tomaz Silva Nunes foi deposta a sua mitra e um leccionário (livro que contém leituras
bíblicas) aberto. D. Tomaz da Silva Nunes faleceu esta Quarta feira devido a um
enfarte agudo do miocárdio, segundo apurou a Agência ECCLESIA junto do Patriarcado
de Lisboa. Após a celebração das exéquias, a urna saiu da igreja em silêncio, mas
uma salva de palmas irrompeu quando o corpo de D. Tomaz da Silva Nunes foi depositado
no carro funerário. O cortejo exequial seguiu para o cemitério do Alto de São João,
em Lisboa, escoltado pela Polícia de Segurança Pública. Os ritos que antecederam
o sepultamento no jazigo do Patriarcado, presididos por D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar
de Lisboa, contaram com a presença de uma centena de pessoas. O correspondente
da Rádio Vaticano Domingos Pinto.