CARDEAL HUMMES SOBRE SANTO AGOSTINHO: REENCONTRAR A MESMA PAIXÃO PELA BUSCA DA VERDADE
Cidade do Vaticano, 30 ago (RV) - "Não mais existe paixão pela verdade. Aliás,
se diz que aqueles que pretendem conhecê-la e buscam difundi-la são perigosos e potencialmente
violentos, porque pretenderão impô-la aos outros. Com isso, também as religiões são
rejeitadas, porque elas normalmente são portadoras das convicções de conhecer a verdade
absoluta, transcendente e universal a ser a anunciada":
Foi o que ressaltou
sábado à noite em Pavia – norte da Itália – o Prefeito da Congregação para o Clero,
Cardeal Cláudio Hummes, que presidiu na Basílica de São Pedro in Ciel d'Oro
à missa solene da memória litúrgica de Santo Agostinho.
No lugar em
que desde o Séc. VIII são custodiadas as relíquias do Bispo de Hipona, o purpurado
brasileiro recordou em sua homilia a apaixonada e incansável busca da verdade do grande
Padre da Igreja, reconduzindo-a a hoje e analisando a realidade em que vivem muitos
jovens, fascinados – como tinha sido Agostinho desde criança – pela figura de Jesus
Cristo, mas, justamente como ele na juventude, distantes da fé católica.
"Não
nos damos conta que muitos jovens que assim tiveram um primeiro encontro com Jesus
– disse o Cardeal Hummes – precisam de tempo para uma conversão firme e definitiva."
Precisariam, por isso, da compreensão dos adultos na fé e da comunidade (...) eles
deveriam estar prontos para acompanhá-los, com paciência humilde e aberta, num itinerário
mais ou menos longo, mais ou menos tortuoso e descontínuo, rumo a uma adesão à mensagem
integral de Jesus."
O Prefeito da Congregação para o Clero explicou
também que a rejeição às religiões leva à rejeição ao Cristianismo, "porque crê em
Jesus Cristo e o reconhece como a Verdade absoluta (...) que ilumina, explica e dá
sentido a tudo aquilo que existe. No fundo, trata-se da questão de Deus, de quem a
cultura atual quer livrar-se porque se Deus existe – se diz – não somos livres".
O
purpurado observou que hoje "domina um crescente relativismo em relação à fé. O Papa
atual muitas vezes denunciou isso. Duvida-se de qualquer pretensão de uma verdade
absoluta, transcendente, universal, ou se a rejeita até mesmo em nome de uma pretensa
verdade relativa de cada pensador".
Por isso – concluiu o Cardeal Hummes
– "a Igreja hoje, inspirando-se também em Santo Agostinho e em sua paixão pela verdade,
tem a irrenunciável e urgente missão de contribuir para o despertar da paixão pela
verdade e pela compreensão da verdadeira liberdade". (RL)