Rio de Janeiro, 28 ago (RV) - Celebramos no último domingo do vocacional mês
de agosto a vocação de nossos queridos e abnegados catequistas, que transmitem e aprofundam
a fé aos nossos catecúmenos. A Etimologia de catequese nos reporta à Instrução, pois
a palavra vem do grego, que significa fazer soar nos ouvidos, ensinar pela palavra
que se escuta.
Assim era no início das comunidades cristãs: a pregação oral.
O método relembra as escolas rabínicas, onde os catequizandos aprendiam pela memorização
do que ouviam na exposição oral dos mestres. Repetiam-se as palavras, até mesmo frase
por frase, expressão por expressão. A tradição oral e o testemunho fazem parte de
nossa maneira de “passar a fé”. Isso sempre virá antes dos atuais métodos, tanto em
forma de livros como com os modernos meios digitais.
Faz parte desta missão
anunciar o querigma em voz alta e partilhar a exposição inicial e completa do mistério
cristão – a salvação em Jesus Cristo – levando as pessoas até a maturidade cristã.
Porém, é também um processo no caminho do conhecimento de Deus, mas que visa à santificação
e a espiritualidade do catequizando.
Neste processo está o catequista, que
explicita a nossa possibilidade de nos relacionarmos com Deus no tempo que se chama
hoje, mas que se projeta para o futuro e para a eternidade. Por isso é um projeto
escatológico.
Já nos diz Puebla (cf. n. 351): catequizar é comunicar Jesus
Cristo no Espírito Santo para poder transformar o homem por dentro, de modo que a
Palavra tenha eficácia histórica, na sociedade e no cosmos. O grande desafio atual
é que, após o primeiro anúncio, tenhamos pessoas que, acolhendo o chamado do Senhor,
sentem-se animadas e entusiasmadas a aprofundar a fé, tornando-se testemunhas do Cristo
Ressuscitado hoje. O catequista nos apresenta a Boa Notícia, a boa nova, que é Jesus
Cristo, presente na mensagem salvífica de Seu Evangelho.
A catequese não pode
ser simplesmente uma aula sobre Deus (daí a diferença do Ensino Religioso nas escolas)
e sim a passagem da fé ao outro, que aceita caminhar regido por Jesus Cristo. De outra
forma é apenas conhecimento de uma religião, no máximo. Catequizar não é simplesmente
ensinar, muito embora tenha no seu bojo o sentido da educação e da formação, e sim
anúncio e aprofundamento da fé.
A catequese esclarece o que é revelado pelo
Senhor e o que nos é transmitido pela Mãe Igreja, mais que opiniões de teólogos, e
por isso nos motiva a aprofundarmos em Deus para que este crer tenha consequências
na nossa vida. A catequese é carregada de vitalidade e de profundidade.
Daí
podemos com certeza afirmar a fundamental e importante missão do catequista no seio
da Igreja. Contribuir para o conhecimento da pessoa de Jesus é algo que vai além de
uma simples transmissão de conhecimentos: é trazer a salvação redentora de Jesus para
aquela pessoa. A Catequese é uma atividade necessária para um conhecimento mais profundo
da pessoa e da mensagem salvadora de Jesus Cristo.
Assim, o ministério do
catequista não deve estar circunscrito apenas na iniciação das crianças, pois a sua
missão é muito mais ampla: deve abranger todas as etapas da vida das pessoas que precisam
continuar no processo de encontro com Jesus.
Daí que hoje, além da Iniciação
Cristã, tão fundamental na caminhada catequética da Igreja, podemos também falar na
catequese ao matrimônio, aos jovens e adolescentes, na catequese crismal, e na catequese
dos adultos. Ou mesmo podemos falar em catequeses mais específicas que podem existir
dentro das pastorais: como a dos encarcerados, dos doentes, e muitas outras situações
e outras formas de abordagem da realidade das pessoas que precisam da mensagem de
Jesus.
Ressalte-se que há hoje uma grande preocupação da Igreja com a catequese
dos adultos, e isso em virtude da crise em torno da fé e da constatação de que a maioria
não teve acesso a um aprofundamento da fé cristã. A atual negação dos valores religiosos
é apenas uma etapa, que vai até mesmo à aceitação de algumas crenças não cristãs.
A questão aqui é a própria identidade cristã, ou melhor, o que o cristianismo toca
na vida das pessoas e as faz caminhar de uma maneira nova.
Pela ação dos catequistas,
a Igreja é viva e ativa, e, por eles, quer espalhar a Palavra de Deus. Por eles, a
Igreja nos diz: não basta saber, temos que acreditar. Acreditar e estar convencido
do amor de Deus por nós.
O catequista é um evangelizador, é um missionário,
levando as pessoas a um encontro com o Cristo e aprofundando a vida cristã com todas
as consequências do crer. Pela ação do catequista pretende-se aprofundar, após o despertar
no outro a maravilha, a admiração, a atração para Deus.
Neste dia, com toda
a Igreja em ação de graças, rendemos muitas graças a Deus pelos catequistas, sobretudo
por aqueles que trabalham em meio a grandes dificuldades de ambiente social. Somos
agradecidos pelo empenho de tantos, homens e mulheres, a quem são confiados a transmissão
e aprofundamento das consequências do Evangelho. A catequese é sempre um dom de
Deus! Que Deus os abençoe e que a eficácia de sua missão seja sempre fruto do Espírito
Santo, mediada por Maria, a estrela da Evangelização.
+ Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião
do Rio de Janeiro, RJ