Alerta da ONU para agravamento da situação no sul do Paquistão; Bispo pede atenção
para a recolha de donativos feita por falsas organizações de solidariedade, e para
evitar tráfico de crianças
(27/8/2010) A ONU alertou para o agravamento da situação no sul do Paquistão e referiu
que a ajuda até agora recebida é insuficiente para os cerca de 17 milhões de pessoas
atingidas pelas cheias. A ONU calculou em cerca de três milhões o número de habitantes
atingidos indirectamente pelas inundações que, desde finais de Julho, já causaram
1539 mortos e atingiram entre 15 e 20 milhões de pessoas. Na maioria dos casos são
vítimas do "efeito dominó" provocado pelo cataclismo, como os trabalhadores que perderam
o trabalho porque a sua empresa ficou destruída. As Nações Unidas revelaram que
ainda só receberam 59% dos 362 milhões de euros inicialmente solicitados, verba considerada
insuficiente para responder às necessidades das populações. Os Estados Unidos
e a comunidade internacional já prometeram 554 milhões de euros para ajudar o Paquistão,
afirmou ontem um responsável norte-americano. E a reunião da Assembleia-geral da ONU,
na quinta-feira passada, constituiu "um momento galvanizador no que respeita às contribuições
de outros países", anunciou Dan Feldman, representante dos Estados Unidos para o Afeganistão
e Paquistão. Entretanto, o presidente paquistanês já admitiu que os trabalhos
de recuperação deverão prolongar-se durante pelo menos três anos. "Três anos é o mínimo",
referiu Asif Ali Zardari durante um encontro com um grupo de jornalistas estrangeiros
em Islamabad.
Bispo paquistanês alertou para a recolha de donativos feita
por falsas organizações de solidariedade; e pediu atenção para evitar tráfico de
crianças O presidente da Cáritas do Paquistão, o bispo Joseph Coutts, diz que é
"é essencial prestar muita atenção às instituições que se escolhem para enviar fundos”,
refere a Agência Fides. De acordo com o prelado, existem “falsas organizações não-governamentais”
e associações ligadas a grupos integralistas islâmicos nascidas para “especular e
apropriarem-se” dos donativos. “Mesmo no mundo cristão multiplicam-se as organizações
de caridade, sobretudo na área protestante”, assinala o bispo de Faisalabad, região
onde existem mais de 50 organismos ligados a Igrejas evangélicas. A delegação paquistanesa
da organização de apoio social da Igreja Católica interrompeu este Domingo o auxílio
aos sobreviventes das enchentes para rezar pelas vítimas e refugiados. “Pedimos
a todos os cristãos em todo o mundo para que se unam nesta oração e para que rezem
também para ajudar aqueles que estão a dedicar-se inteiramente à ajuda aos deslocados”,
referiu o responsável, que agradeceu ao Papa Bento XVI as suas preces em favor da
população paquistanesa. O trabalho da Cáritas, potenciado pelos contributos das
congéneres internacionais, está a chegar às populações através das escolas, paróquias
e pequenas instituições, “que estão a fazer o seu melhor” para proporcionar “estruturas
de acolhimento” e organizar a recolha de alimentos e outros bens materiais. O prelado
admite a possibilidade de a ajuda às vítimas por parte de outros organismos paquistaneses
excluir os cristãos, especialmente em zonas onde são habitualmente perseguidos. O
bispo frisa que esta eventual rejeição não vai provocar uma atitude idêntica por parte
da Cáritas, que presta socorro “a todos os deslocados sem discriminação”, sabendo-se
que “99% são muçulmanos”. D. Joseph Coutts lançou um apelo ao Governo e à polícia
para estar atenta a organizações criminosas que se envolvam no tráfico de crianças,
aproveitando as condições proporcionadas pelo êxodo dos refugiados.