2010-08-27 12:49:58

CARIOCAS PEREGRINOS


Rio de Janeiro, 27 ago (RV) - Nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro realiza no próximo sábado, dia 28 de agosto, a sua 21ª. Peregrinação oficial ao Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, em Aparecida, SP. Toda a família arquidiocesana vai à Casa de Maria para beber na fonte límpida de Maria como ser autênticos discípulos-missionários de Jesus Cristo, respondendo com Maria Aparecida: “Eis-me aqui Senhor para fazer a Sua Vontade!”.

Por isso todos nos colocamos como peregrinos de Jesus e de Maria. Peregrinar faz parte de várias tradições religiosas. A peregrinação é uma viagem, um deslocar-se, um “sair de” para um “sair para”. É a partida para um lugar sagrado. Mas uma viagem que conte com a ação de Deus nesta caminhada. Ou seja, estamos certamente num contexto sagrado.

O significado mais importante de uma peregrinação não é o simples visitar um lugar de culto, mas sim o desejo de fazer uma experiência de Deus que nos acompanha em nossa caminhada. Quantos relatos existem sobre as experiências místicas durante as peregrinações!

Durante o IV Congresso Mundial da Pastoral do Turismo, realizado em Roma, em 1990, debateu-se sobre o contexto da peregrinação de grupos religiosos. Seria simplesmente um turismo religioso? Chegou-se à conclusão que não. A motivação principal é a busca de um relacionamento com Deus e uma compreensão mais profunda da vida humana, inserida numa comunidade peregrina sobre a terra, tal como o é, em sentido teológico, a própria essência da Igreja.

Nota-se, como um dos aspectos peculiares da peregrinação, a busca mais profunda de valores, de reflexões pessoais. Está em jogo aqui a evangelização, eu diria mesmo, a reevangelização dos que estão afastados da prática sacramental e da inserção comunitária. Quantos que voltaram a prática cristã após peregrinações! Há na peregrinação uma influência sobre os demais grupos que não participam diretamente dela: é o testemunho público que se dá à fé. E isso, nos dias de hoje, é de fundamental importância: não nos confinarmos apenas dentro do templo, mas sairmos para dizermos a todos em que acreditamos, e como acreditamos. Aqui também se situa, em nosso caso, a unidade de uma caminhada eclesial, pois a tradição desta arquidiocese nos faz caminhar juntos neste momento para que possamos também caminhar juntos durante os nossos trabalhos pastorais.

A viagem religiosa, certamente, torna-se uma verdadeira ação religiosa, um diálogo, verbal e não verbal, e serenamente testemunha os valores sobrenaturais do grupo em peregrinação.

O lugar visitado torna-se para o peregrino um lugar de Epifania, de manifestação do Senhor, que lhe espera para lhe dizer algo em sua vida como bem se expressou nesse sentido o documento da V Conferência do Episcopado Latino Americano e Caribenho realizado em Aparecida.

Embora Deus esteja em todos os lugares, no entanto, o peregrino que vai para o lugar “onde mora o Senhor”, ou como dizemos de Aparecida, à “casa da mãe”, não permanece apenas como um observador de fora, mas quer participar do eterno mistério que ali quer encontrar e responde com a oração e adoração.

Desta forma, o peregrino é uma pessoa caminhando na fé.Cada peregrinação é uma expressão do ser humano e de sua espiritualidade. Lembremos da grande peregrinação do Povo de Israel do Egito para a terra prometida para conseguir a sua liberdade para adorar o seu Deus e viver segundo a Sua santa lei.

A peregrinação assume, assim, uma dimensão superior. É um anseio pela busca do caminho espiritual, onde precisamos chegar, não só de forma material, concreta, mas na realidade do Espírito de Deus.

Abraão sai e anda pela mão de Deus, buscando a plenitude do encontro com seu Deus, o Senhor. O livro do Gênesis nos narra esta peregrinação. Torna-se o caminho de fé para o encontro com Deus. Ele buscava no visível, o invisível. Caminha e deixa tudo para trás para buscar o que o Tudo que seria nele: Deus. Ele foi seduzido, na sua caminhada, pelo encontro que teria com Ele.

O peregrino é uma pessoa de fé que busca o algo mais do que ele é. O peregrino é um insatisfeito: quer sair de onde está para alcançar o melhor: Deus. O peregrino sabe o que quer e onde procura para encontrar. Sai na estrada determinado. Vai, mas não o faz à deriva, tem um objetivo especifico. Ele arrisca, deixa o conforto da casa, como um sair de si mesmo, de suas próprias aspirações, para alcançar a aspiração somente em Deus. Procura o algo novo, que deseja superar obstáculos graças à força que busca no alto. Mas não é um sonhador: é realista, pois sabe de suas dificuldades: a distância, o sol, a chuva, o frio. Supera tudo pela força do Espírito que o motiva sempre.

Querido povo de Deus da nossa Arquidiocese. Peregrinar ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida é a grande adesão pública e solene do povo carioca que nós, os cariocas, amamos a Mãe de Jesus e queremos seguir o seu caminho para chegar até Jesus Cristo. Este é o pensamento que deve nos mover nesta caminhada à Aparecida. Vamos à casa de Deus, entregue à sua Mãe, Maria, e de lá haurir força e motivação mais profundas em nossa vida de cristãos e cristãs engajados para que a renovação da Igreja do Rio de Janeiro conte sempre com o patrocínio, a proteção e a intercessão de Nossa Senhora a Jesus Cristo, o Salvador, em favor de nossas múltiplas necessidades espirituais e na construção da santidade. A Jesus por Maria: esse é o nosso propósito! Boa romaria a todos, rezemos, renovemos a nossa fé e que a nossa peregrinação seja tempo de graça e de santificação.

Rogai por nós Santa Mãe Aparecida, para que sejamos dignos das promessas de Cristo, Amém!


+ Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ









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