No encontro com o clero português o Papa pede fidelidade e lealdade á própria vocação
A história portuguesa “transporta em si as marcas de grande fecundidade vocacional
e de intenso dinamismo missionário que levou desde há muitos séculos e leva também
no nosso tempo muitos sacerdotes e consagrados (as) a viver os seus ministérios e
carismas em criativa fidelidade a Cristo, em todos os continentes do universo”, afirmou
, em Fátima, a 12 de Maio D. António Francisco Santos, Presidente da Comissão Episcopal
das Vocações e Ministérios, na saudação a Bento XVI, na oração das Vésperas e Adoração
eucarística na Igreja da Santíssima Trindade. Naquela ocasião o Papa pediu fidelidade
e “lealdade à própria vocação”. Permiti abrir-vos o coração para vos dizer que
a principal preocupação de todo o cristão, nomeadamente da pessoa consagrada e do
ministro do Altar, há-de ser a fidelidade, a lealdade à própria vocação, como discípulo
que quer seguir o Senhor. A fidelidade no tempo é o nome do amor; de um amor coerente,
verdadeiro e profundo a Cristo Sacerdote. «Se o Baptismo é um verdadeiro ingresso
na santidade de Deus através da inserção em Cristo e da habitação do seu Espírito,
seria um contra-senso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista
e uma religiosidade superficial» (João Paulo II, Carta ap. , 31). Neste
, já a caminho do fim, uma graça abundante desça sobre todos vós para viverdes a alegria
da consagração e testemunhardes a fidelidade sacerdotal alicerçada na fidelidade de
Cristo. Isto supõe, evidentemente, uma verdadeira intimidade com Cristo na oração,
pois será a experiência forte e intensa do amor do Senhor que há-de levar os sacerdotes
e os consagrados a corresponderem ao seu amor de modo exclusivo e esponsal. Esta
vida de especial consagração nasceu como memória evangélica para o povo de Deus, memória
que manifesta, atesta e anuncia a toda a Igreja o radicalismo evangélico e a vinda
do Reino. Pois bem, queridos consagrados e consagradas, com o vosso empenho na oração,
na ascese, no progresso da vida espiritual, na acção apostólica e na missão, tendeis
para a Jerusalém Celeste, antecipais a Igreja escatológica, firme na posse e contemplação
amorosa de Deus-Amor. Como é grande, hoje, a necessidade deste testemunho! Muitos
dos nossos irmãos vivem como se não houvesse um Além, sem se importar com a própria
salvação eterna. Os homens são chamados a aderir ao conhecimento e ao amor de Deus,
e a Igreja tem a missão de os ajudar nesta vocação. Bem sabemos que Deus é senhor
dos seus dons; e a conversão dos homens é graça. Mas somos responsáveis pelo anúncio
da fé, da totalidade da fé, e das suas exigências.
Bento XVI fez depois
um acto de “entrega e consagração” dos sacerdotes ao Coração Imaculado de Maria, rezando
para que os mesmos resistam “às sugestões do Maligno”.
Mãe nossa desde sempre, não
Vos canseis de nos visitar, consolar, amparar. Vinde em nosso
socorro e livrai-nos de todo o perigo que grava sobre nós. Com
este acto de entrega e consagração, queremos acolher-Vos de modo mais
profundo e radical, para sempre e totalmente, na nossa vida humana
e sacerdotal. Que a vossa presença faça reflorescer o deserto das
nossas solidões e brilhar o sol sobre as nossas trevas, faça voltar
a calma depois da tempestade, para que todo o homem veja a salvação do
Senhor, que tem o nome e o rosto de Jesus, reflectida nos nossos
corações, para sempre unidos ao vosso! Assim seja!