Bento XVI encontrando em Fátima os Bispos de Portugal lamentou a existência de crentes
envergonhados e alertou para o silêncio da fé
Bento XVI lamentou em Fátima no dia 13 de Maio passado a existência de “crentes envergonhados”
na Igreja Católica, que contribuem para um “silêncio da fé” nos âmbitos políticos,
económicos e mesmo da comunicação social. Falando aos Bispos de Portugal, o Papa
apelou a “verdadeiras testemunhas de Jesus Cristo, sobretudo nos meios humanos onde
o silêncio da fé é mais amplo e profundo”. Há necessidade de verdadeiras testemunhas
de Jesus Cristo, sobretudo nos meios humanos onde o silêncio da fé é mais amplo e
profundo: políticos, intelectuais, profissionais da comunicação que professam e promovem
uma proposta mono-cultural com menosprezo pela dimensão religiosa e contemplativa
da vida. Em tais âmbitos, não faltam crentes envergonhados que dão as mãos ao secularismo,
construtor de barreiras à inspiração cristã. Entretanto, amados Irmãos, aqueles que
lá defendem com coragem um pensamento católico vigoroso e fiel ao Magistério continuem
a receber o vosso estímulo e palavra esclarecedora para, como leigos, viverem a liberdade
cristã. A este respeito, o Papa destacou a necessidade de manter viva “a dimensão
profética sem mordaças no cenário do mundo actual”. As pessoas clamam pela Boa
Nova de Jesus Cristo, que dá sentido às suas vidas e salvaguarda a sua dignidade.
Como primeiros evangelizadores, ser-vos-á útil conhecer e compreender os diversos
factores sociais e culturais, avaliar as carências espirituais e programar eficazmente
os recursos pastorais; decisivo, porém, é conseguir inculcar em todos os agentes evangelizadores
um verdadeiro ardor de santidade, cientes de que o resultado provém sobretudo da união
com Cristo e da acção do seu Espírito “No sentir de muitos, a fé católica deixa
de ser património comum da sociedade e, frequentemente, vê-se como uma semente insidiada
e ofuscada por «divindades» e senhores deste mundo”, alertou. Bento XVI considera
que, para superar esta situação, não bastam discursos ou “apelos morais”, mas gestos
concretos. Aquilo que fascina é sobretudo o encontro com pessoas crentes que,
pela sua fé, atraem para a graça de Cristo dando testemunho d’Ele. Vêm-me à mente
estas palavras do : «A Igreja tem necessidade sobretudo de grandes correntes, movimentos
e testemunhos de santidade entre os fiéis, porque é da santidade que nasce toda a
autêntica renovação da Igreja, todo o enriquecimento da fé e do seguimento cristão,
uma re-actualização vital e fecunda do cristianismo com as necessidades dos homens,
uma renovada forma de presença no coração da existência humana e da cultura das nações» Bento
XVI pediu aos Bispos de Portugal que estejam atentos aos padres e aos novos movimentos
da Igreja, como pastores que promovem a comunhão entre todos. Confessou a sua “agradável
surpresa” no contacto com os movimentos e novas comunidades eclesiais, mas deixou
claro que “é preciso que estas novas realidades queiram viver na Igreja comum, embora
com espaços de algum modo reservados para a sua vida”. O discurso papal retomou
algumas das ideias lançadas durante o encontro prévio, com organizações sociais, deixando
votos de que os responsáveis pelas Dioceses do nosso país consigam revigorar “sentimentos
de misericórdia e compaixão capazes de corresponder às situações de graves carências
sociais”...Queria pedir-vos, na vossa qualidade de presidentes e ministros da caridade
na Igreja, para revigorardes em vós e ao vosso redor os sentimentos de misericórdia
e compaixão capazes de corresponder às situações de graves carências sociais. Criem-se
e aperfeiçoem-se as organizações existentes, com criatividade para corresponder a
todas as pobrezas, mesmo a de falta de sentido da vida e de ausência de esperança.
É muito louvável o esforço que fazeis por ajudar dioceses mais necessitadas, sobretudo
dos países lusófonos. As dificuldades, agora mais sentidas, não vos deixem esmorecer
na lógica do dom. Continue bem vivo no país o vosso testemunho de profetas de justiça
e da paz, defensores dos direitos inalienáveis da pessoa, juntando a vossa voz à dos
mais débeis a quem tendes sabiamente motivado para ter voz própria, sem temer nunca
levantar a voz em favor dos oprimidos, humilhados e molestados.