CARDEAL CORDES FALA SOBRE AJUDAS DO PAPA AO PAQUISTÃO
Cidade do Vaticano, 25 ago (RV) - "Quando um cristão presta ajuda diante de
uma necessidade concreta, de uma emergência humanitária, o seu olhar não se detém
– ou ao menos não deveria – somente na contingência mais imediata, mas se preocupa
também com a saúde do espírito." Com essas palavras, referindo-se à recente mobilização
vaticana em favor do Paquistão, o Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum,
Cardeal Paul Josef Cordes, enfatizou o espírito da caridade do Papa, da qual se ocupa
o referido dicastério. O purpurado falou à Rádio Vaticano à margem do Encontro de
Rimini – em andamento nestes dias – onde foi entrevistado pela nossa emissora:
Cardeal
Paul Josef Cordes:- "Nós demos, em nome do Papa, uma ajuda à Caritas. Novamente
se vê que não basta a ajuda material: deve ser dada uma mensagem. Existem âmbitos
nos quais, por vezes, a ajuda material mostra a compaixão, mas não pode mudar a situação,
não pode fazer com que os mortos voltem a viver. Portanto, penso que nós, cristãos,
com a nossa ajuda, devemos considerar essa dimensão transcendental. Para mim é importante
ressaltar que nesse momento se deve mostrar – tanto às pessoas atingidas, quanto às
que doam dinheiro – que com a ajuda econômica se pode fazer uma pequena coisa, importante,
mas que não basta: é preciso uma mensagem que vá além da vida terrena."
P.
A ONU lamentou um certo egoísmo por parte dos Estados ao fazerem o envio das ajudas
humanitárias às pessoas atingidas. O que o senhor pensa a esse propósito?
Cardeal
Paul Josef Cordes:- "Eu penso que o povo é generoso. Certamente, aqueles que governam
os povos, tendo sempre diante de si muita miséria e pensando na própria população,
nem sempre são tão generosos. Por isso os apelos são importantes. Por outro lado,
se pensamos no tsunami, nas grandes catástrofes, se pensamos nisso, o povo se mostra
muito generoso. Eu não conto tanto com a ajuda dos Estados, conto com a ajuda das
agências de solidariedade e também das agências católicas. As ofertas da população,
que é sensível e generosa, passam através dessas agências. Tenho muita confiança na
sensibilidade dos homens e das mulheres de hoje. Nós, do Pontifício Conselho Cor
Unum, colocamos diante dos nossos cristãos a grande tarefa de não se reduzir a
ajuda à ajuda apenas material. Faremos agora um grande retiro em Częstochowa, na Polônia,
para todos os responsáveis da Caritas europea – já temos 300 inscritos – para que
possamos viver aquilo que o Papa disse na encíclica Deus caritas est: que a caridade
do homem nasce do amor de Deus e que nós, cristãos, devemos viver isso, ter convicção
e falar disso. Creio que essa seja a grande tarefa do nosso dicastério Cor Unum."
(RL)