Castel Gandolfo, 25 ago (RV) – O Papa Bento XVI se encontrou na manhã de hoje
com os fiéis e peregrinos de todas as partes do mundo para a habitual audiência geral
das quartas-feiras. O encontro como vem ocorrendo neste período do ano, se realizou
no pátio interno da residência de verão dos Papas na localidade de Castel Gandolfo,
próximo de Roma.
Durante o encontro o Santo Padre fez um apelo diante
da grave situação que vive a Somália:
“O meu pensamento vai a Mogadíscio
de onde continuam a chegar notícias de cruéis violências e que ontem foi palco de
um novo massacre. Estou próximo às famílias das vítimas e de todos aqueles que, na
Somália, sofrem por causa do ódio e da instabilidade. Faço votos de que, com a ajuda
da comunidade internacional, não sejam poupados os esforços para restabelecer o respeito
à vida e aos direitos humanos”.
Momentos antes na sua catequese o
Papa Bento XVI afirmou que “é paradoxal que na nossa época o relativismo seja indicado
como uma verdade que deve guiar escolhas e comportamentos.
O Papa introduziu
assim uma reflexão sobre a busca de sentido que acompanhou a vida dos homens em todos
os tempos e que talvez hoje é deixada de lado em muitas expressões da cultura.
O
Papa citou em particular a figura de Santo Agostinho, “que não teve um caminho fácil,
mas nunca viveu com superficialidade e nunca se satisfez com o que lhe dava um lampejo
de luz: uma prestigiosa carreira, a posse, as vozes que lhe prometiam a felicidade
imediata”.
Santo Agostinho – continuou o Papa – entendeu na sua incansável
busca que não é “ele que encontrou a Verdade, mas a Verdade mesma, que é Deus, o perseguiu
e o encontrou”. E neste caminho em direção da verdade, para o Santo é fundamental
o silêncio: “as criaturas devem ficar em silêncio e o silêncio, no qual Deus pode
falar, deve dominar”. “Isso também acontece no nosso tempo: às vezes temos medo do
silêncio, da meditação, do recolhimento, de pensar nas próprias ações, no significado
mais profundo da nossa vida”.
“Muitas vezes – denunciou o Papa – preferimos
apenas viver o momento presente, a ilusão de que traz a felicidade duradoura: preferimos
viver – porque parece mais fácil – com superficialidade, sem pensar; ao contrário,
temos medo de procurar a Verdade, ou talvez, medo de que a Verdade nos encontre, nos
agarre e mude a nossa vida, como ocorreu com Santo Agostinho”.
“Queridos
irmãos e irmãs, gostaria de dizer a todos, também a quem se encontra em um momento
de dificuldade no seu caminho de fé, ou também a quem participa pouco da vida da Igreja
ou a quem vive como se Deus não existisse, que não tenham medo da Verdade, que jamais
interrompam o caminho rumo à mesma, que jamais cessem de buscar a verdade profunda
sobre si mesmo, e sobre as coisas, com os olhos interiores do coração”. “Deus não
deixará de doar Luz para fazer ver, e Calor para fazer sentir no coração que Ele nos
ama e que deseja ser amado”.
Já no início de sua catequese o Papa ressaltara
que cada um de nós deveria ter algum Santo que nos seja familiar, não somente para
que o sintamos próximo de nós através da oração e da intercessão, mas também para
imitá-lo.
Em seguida, o Papa convidou os fiéis a conhecerem melhor
os Santos, a começar pelo Santo do qual têm o nome, lendo a vida, seus escritos. "Estejam
certos de que se tornarão bons guias para amar ainda mais o Senhor e serão ajudas
válidas para o crescimento humano e cristão de vocês."
"Como vocês
sabem – acrescentou – também eu estou ligado de modo especial a algumas figuras de
Santos: entre esses, além de São José e São Bento dos quais tenho o nome, está Santo
Agostinho, que, por assim dizer, tive a graça de conhecer de perto através do estudo
e da oração, e que se tornou um bom "companheiro de viagem" em minha vida e em meu
ministério.
Antes de concluir o encontro e abençoar os presentes, Bento
XVI saudou os vários grupos de peregrinos presentes em Castel Gandolfo nos seus respectivos
idiomas. Eis o que o Papa disse em português...
"Queridos
peregrinos vindos do Brasil e de Portugal, a minha saudação amiga para todos vós,
em especial para os grupos paroquiais de Unhos, Catujal e Viseu. Recordamos nestes
dias Santo Agostinho e sua mãe, Santa Mônica, testemunhas de como Jesus Cristo se
deixa encontrar por quantos O procuram. E, com Ele, a vossa vida não poderá deixar
de ser feliz." (SP)