2010-08-21 14:26:38

SAN SALVADOR: IGREJA NA COMISSÃO DOS DESAPARECIDOS


San Salvador, 21 ago (RV) - O bispo de San Salvador, Dom Gregorio Rosa Chávez, junto com outras personalidades e na presença do Chefe de Estado, Mauricio Funes, assumiu ontem o cargo como membro da Comissão Nacional de Investigação de meninos e meninas que "desapareceram" durante os doze anos de guerra civil. O conflito causou a morte de mais 75.000 salvadorenhos e o desaparecimento de mais de 8.000 pessoas, entre as quais centenas de crianças. A guerra, depois de uma longa e difícil mediação da ONU e do Prêmio Nobel da Paz, Oscar Arias, duas vezes presidente da Costa Rica, terminou no dia 1º de janeiro de 1992 e, desde então, a Igreja local, junto com outras organizações nacionais e internacionais, está fortemente empenhada em encontrar soluções para os muitos problemas herdados, com a finalidade de fazer justiça e consolidar um autêntico processo de reconciliação.

Em 1994, o padre Jon Cortina criou a Associação para busca de crianças desaparecidas, baseando a sua ação numa lista que registra mais de 600 denúncias. A Associação, até hoje, pôde esclarecer o destino dessas 200 crianças, mas as outras 400 continuam desaparecidas. Por outro lado, existem receios de que o número de crianças desaparecidas seja muito maior pois se sabe, com certeza, que em muitos casos, especialmente nas zonas rurais, os pais nunca apresentaram queixas.

A criação dessa Comissão foi solicitada diversas vezes nos últimos anos pela Igreja de El Salvador, mas os governos precedentes sempre se recusaram a instituí-la. O presidente Mauricio Funes, alguns meses atrás, pediu desculpas em nome do Estado a todo o país pelas vítimas da guerra civil e pelos graves crimes cometidos por militares salvadorenhos. “Reconheço publicamente a responsabilidade do Estado diante desses fatos, seja pelas ações cometidas seja pelas omissões” disse o presidente durante a cerimônia de comemoração do fim da guerra, no último mês de janeiro. Funes é um militante da “Frente Farabundo Marti para a Libertação Nacional”, hoje partido político constitucional, mas entre 1980 e 1982 foi o maior grupo de guerrilheiros que entrou em confronto com os governos de El Salvador que se seguiram nos anos de guerra civil. (SP)








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