2010-08-16 17:35:10

JOVENS ABRAÇAM IGREJA EM MEMÓRIA DA CHACINA DA CANDELÁRIA


Rio de Janeiro, 16 ago (RV) - Jovens católicos reuniram-se na manhã deste domingo na Igreja da Candelária, no Centro do Rio, para uma manifestação pela paz. Cerca de dois mil fiéis deram um abraço simbólico na igreja e soltaram balões brancos. O arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, também participou do ato e, em seguida, celebrou a Eucaristia.



A manifestação encerrou a Vigília de Oração "Para que todos sejam um", que começou às 21h de sábado, dia 14, na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. A noite contou com orações, pregações, música e procissão luminosa pelas ruas da Lapa.



O motivo da manifestação foi lembrar os 17 anos do episódio que ficou conhecido como "Chacina da Candelária".



Mas o que foi a Chacina da Candelária? Foi o assassinato frio de adolescentes que dormiam sob a marquise nas proximidades da Igreja da Candelária. Os autores do gesto? Policiais militares! O episódio ocorreu na madrugada de 23 de julho de 1993.



Mais de 40 crianças dormiam na praça da igreja, quando cinco homens desceram de dois carros e dispararam em sua direção. Até hoje não se sabe o que motivou a matança.



Duas crianças e um rapaz de 19 anos foram mortos no local, enquanto os outros, aqueles que acordaram a tempo, tentavam fugir. Perseguidas, mais duas crianças foram alcançadas e mortas. Outros dois corpos foram localizados no Aterro do Flamengo, local a poucos quilômetros da Candelária.



Wagner dos Santos, a principal testemunha do crime, contou que foi levado de carro pelos homens e só sobreviveu porque se fingiu de morto. Mais de um ano depois da chacina, em dezembro de 1994, Wagner sofreria outro atentado no qual levou quatro tiros, tendo resistido aos ferimentos.



Em outubro de 1995, o sobrevivente pediu proteção ao então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, para prestar novos depoimentos sobre o caso. Ele se mudou para Suíça e ía ao Brasil para participar dos julgamentos dos acusados.



Três anos depois do crime, em novembro de 1996, num julgamento que durou 19 horas, o PM Nelson Cunha foi condenado a 261 anos de prisão.



Outro acusado, o também policial militar Marcus Vinícius Borges Emmanuel, foi julgado três vezes. Primeiro, ele foi levado a júri popular, em abril de 1996, mas a defesa recorreu. Em junho do mesmo ano, ele foi condenado pela morte de dois menores e absolvido de outras nove imputações. Em 2003, depois de um recurso do Ministério Público, o ex-policial foi julgado por quatro homicídios e cinco tentativas de homicídio. Emmanuel cumpre pena de 300 anos de reclusão.



Marcos Aurélio de Alcântara foi o terceiro e último acusado a ser julgado, em agosto de 1998. Ele chegou a confessar o crime em 1995, mas mudou a versão no primeiro dia de julgamento e alegou inocência. Os advogados tentaram provar que ele teria sido induzido a confessar o crime, mas Marcos Aurélio de Alcântara foi condenado a 204 anos de prisão.



Dez anos depois, os sobreviventes tinham tomado diferentes rumos. Um deles passou a morar numa favela com os pais e uma filha de 10 anos. Outro, que tinha apenas 5 anos no dia do crime, permanecia pelas ruas. Já a testemunha Wagner dos Santos vive em Genebra, sob a proteção do governo suíço. (AF)








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