A INDISSOLUBILIDADE DO MATRIMÔNIO NAS REFLEXÕES DE BENTO XVI
Cidade do Vaticano, 13 ago (RV) - "Já não são dois, mas uma só carne". No Evangelho
desta sexta-feira (Mt 3-12) Jesus ressalta a indissolubilidade do enlace matrimonial.
E recorda que desde o princípio, Deus criou o homem e a mulher para que se unissem
a fim de que se tornassem uma só carne.
E respondendo aos fariseus que lhe
recordavam que Moisés dera aos homens o direito de repudiar a mulher, o Senhor ressaltou
que isso foi permitido por causa da dureza de seus corações, "mas desde o princípio
não era assim".
Bento XVI deteve-se em várias ocasiões sobre o matrimônio,
ícone do amor de Deus. Recordemos algumas de suas meditações a esse respeito.
O
amor humano é "um caminho privilegiado que Deus escolheu para revelar-se ao homem".
Bento XVI evidencia a extraordinária ligação entre o sacramento do matrimônio e o
mistério trinitário.
Justamente nesta relação de amor – ressalta o Pontífice
– podemos entrever "a imagem cristã de Deus e também a conseqüente imagem do homem
e de seu caminho":
"Deus serviu-se do caminho do amor para revelar o mistério
da sua vida trinitária. Ademais, a estreita relação que existe entre a imagem de Deus
Amor e o amor humano nos permite entender que o matrimônio monogâmico corresponde
à imagem do Deus monoteísta. O matrimônio baseado num amor exclusivo e definitivo
torna-se o ícone da relação de Deus com o seu povo e vice-versa: o modo de amar de
Deus torna-se a medida do amor humano." (Discurso no Pontifício Instituto João Paulo
II para Estudos sobre matrimônio e família, 11 de maio de 2006)
O Papa recorda
que "o matrimônio e a família estão radicados no núcleo mais íntimo da verdade sobre
o homem e sobre seu destino". A Sagrada Escritura mostra que a vocação ao amor "faz
parte daquela autêntica imagem de Deus que o Criador quis imprimir em sua criatura":
"De
fato, a diferença sexual que conota o corpo do homem e da mulher não é um simples
dado biológico, mas reveste um significado bem mais profundo: expressa aquela forma
do amor com o qual o homem e a mulher, tornando-se uma só carne, podem realizar uma
autêntica comunhão de pessoas aberta à transmissão da vida." (Discurso no Pontifício
Instituto João Paulo II para Estudos sobre matrimônio e família, 11 de maio de 2006)
O
Papa diz ser para ele "uma coisa muito bonita poder constatar que já nas primeiras
páginas da Sagrada Escritura, logo após a narração da criação do homem, encontramos
a definição do amor e do matrimônio":
"Encontramo-nos no início e já nos é
dada uma profecia do que é o matrimônio; e essa definição permanece idêntica também
no Novo Testamento. O matrimônio é esse seguir o outro no amor e assim tornar-se uma
única existência, uma só carne, e por isso inseparáveis; uma nova existência que nasce
desta comunhão de amor, que une e assim também cria futuro." (Encontro com os jovens
da Diocese de Roma, 6 de abril de 2006)
O Santo Padre observa que o matrimônio
é o primeiro sacramento instituído por Deus já na criação. "É um sacramento do universo,
inscrito, portanto, no próprio ser humano" – explica:
"De fato, o sacramento
do matrimônio não é invenção da Igreja, é realmente "com-criado" com o homem como
tal, como fruto do dinamismo do amor, no qual o homem e a mulher se encontram reciprocamente
e assim encontram também o Criador que os chamou ao amor." (Encontro com os jovens
da Diocese de Roma, 6 de abril de 2006)
As famílias cristãs são chamadas a
testemunhar a beleza do matrimônio, a sua dimensão de amor infinito – é a exortação
do Pontífice. Uma tarefa ainda mais urgente hoje, constata, diante do difundir-se
de correntes culturais inspiradas pelo hedonismo e pelo relativismo:
"Conscientes
da graça recebida, possam os cônjuges cristãos construir uma família aberta à vida
e capaz de enfrentar unida os muitos e complexos desafios deste nosso tempo. Hoje
há particularmente necessidade do testemunho deles." (Angelus, 8 de outubro
de 2006) (RL)