A esperança e o amor desinteressado de que os santos são modelo: na alocução do Papa
ao meio-dia, em Castelgandolfo, antes do Angelus dominical
(8/8/2010) Um apelo a viver na esperança que se fundamenta em Deus e seguindo a lógica
do amor, a exemplo dos santos que comemoramos nestes dias – esta a mensagem de Bento
XVI, neste domingo ao meio-dia, por ocasião do Angelus, em Castelgandolfo. Partindo,
como habitualmente, do Evangelho do dia, o Santo Padre comentou “as palavras de Jesus
sobre o valor da pessoa aos olhos de Deus e sobre a inutilidade das preocupações terrenas”,
logo advertindo que “não se trata de um elogio do desinteresse e de um menos empenho”,
pelo contrário: “Escutando o convite tranquilizador de Jesus ‘Não temais, pequeno
rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino’, o nosso coração abre-se a uma
esperança que ilumina e anima a existência concreta: temos a certeza de que o Evangelho
não é apenas uma comunicação de coisas que se podem saber, mas é uma comunicação que
produz factos e transforma a vida. A porta obscura do tempo, do futuro, encontra-se
aberta de par em par. Quem tem esperança vive de um modo diferente; foi-lhe dada uma
vida nova”.
A Carta aos Hebreus (segunda leitura da Missa) apresenta a figura
de Abraão, que avança com coração confiante em direcção à esperança que Deus lhe abre…
E Jesus, no Evangelho, através de três parábolas, ilustra como o facto de aguardar
a realização da ‘jubilosa esperança’, a sua vinda deve impulsionar ainda mais a uma
vida intensa, cheia de boas obras… “É um convite a usar as coisas sem egoísmo,
sede de posse ou de domínio, mas segundo a lógica de Deus, a lógica da atenção ao
outro, a lógica do amor: como escreve sinteticamente Romano Guardini, ‘na forma de
uma relação: a partir de Deus, em vista de Deus’.”
Foi na segunda parte da
sua alocução que Bento XVI se referiu aos santos comemorados nestes dias, e que, precisamente,
souberam viver a sua vida a partir de Deus e em vista de Deus: neste domingo, 8 de
Agosto, são Domingos, do século XIII; quarta, 11, santa Clara, seu contemporâneo;
já a 10 de Agosto, são Lourenço, mártir do século III; e finalmente, dois outros mártires
do século XX que partilharam o mesmo destino em Auschwitz: “A 9 de Agosto recordaremos
a santa carmelita Teresa Benta da Cruz, Edith Stein, e no dia 14 o padre franciscano
Maximiliano Maria Kolbe, fundador da Milícia de Maria Imaculada. Ambos atravessaram
o obscuro período da II Guerra Mundial, sem nunca perder de vista a esperança, o Deus
da vida e do amor”.