ÍNDIA: MANIFESTAÇÃO CONTRA DISCRIMINAÇÃO DOS DALITS
Nova Délhi, 07 ago (RV) – Na Índia, no próximo dia 10 de agosto, milhões de
dalits (os sem casta) cristãos e muçulmanos estarão reunidos, protestando contra a
discriminação a que são submetidos na Índia. A ação será chamada de "Dia Negro".
10
de agosto foi a data escolhida, porque, nesse mesmo dia do ano, em 1950, foi promulgada
a Constituição que vetou aos dalits não-hinduístas uma série de direitos sociais,
entre eles o acesso a empregos na administração pública. Outros direitos especiais
foram concedidos a dalits budistas e sikhs, deixando excluídos os ditos "sem casta"
ou "intocáveis" de outras religiões, de alguns direitos importantes de cunho econômico,
educacional e social.
A Igreja Católica apóia os dalits na luta por seus direitos.
O arcebispo de Hyderabad, Dom Joji Marampudi, que é um dalit, explica que o "Dia Negro"
representa um momento de "forte esperança para mostrar à comunidade cristã essa situação
e para solicitar ao governo que preste atenção a essas justas exigências".
O
prelado recorda ainda, que Madre Teresa de Calcutá "foi um ícone dos pobres, que lutou
pelos direitos dos dalits discriminados por suas escolhas religiosas, o que era, para
ela, a pior das discriminações contra os pobres".
A Comissão Nacional para
as Minorias Lingüísticas e Religiosas sugere a supressão de algumas normas da lei,
de forma a fazer com que o sistema de castas seja neutro em relação à religião. Também
a Suprema Corte cobra ações por parte do governo, mas estas ainda não foram feitas.
Dom Joji diz ainda, que "pelo centenário de nascimento de Madre Teresa de
Calcutá, espera-se que seja feita justiça para os dalits cristãos e muçulmanos".
"Dalit,
em sânscrito, significa "pisoteado" – explica o arcebispo – e eles foram sempre renegados
sociais. Madre Teresa os amou e dedicou-se à sua causa. Madre Teresa é fonte de amor,
esperança e caridade, e esperamos que o governo ouça a voz dos últimos".
Para
o "Dia Negro" está prevista a exposição de bandeiras, em sinal de luto, sobre as fachadas
das igrejas e de outros edifícios importantes. Essas manifestações deverão ser feitas
em diferentes zonas do país. (ED)