2010-07-31 11:15:43

O SECAM NÃO VAI MORRER


Acra, 31 jul (RV) – Aproximam-se do fim os trabalhos da 15ª Assembleia Plenária do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar – SECAM, em andamento na capital de Gana, sede da organização.

O dia de ontem, 30 de julho, ficou marcado por dois momentos particulares: a mesa-redonda "O SECAM e seus 40 anos: renovação do nosso empenho com base nos seus ideais", e a visita dos cardeais e de alguns bispos ao Presidente da República de Gana, John Atta Mills. Recordadas também as vítimas do naufrágio fluvial na República Democrática do Congo.

Mais detalhes com a enviada da Rádio Vaticano, Dulce Araújo: RealAudioMP3

"O SECAM não vai morrer: estamos prontos a relançá-lo – afirmou ontem o cardeal Tumi, dos Camarões, na mesa redonda em que os mais idosos e com mais anos de experiência nesta organização eclesial pan-africana reflectiram juntamente com os presentes sobre os ideais dos pais fundadores e a necessidade de renovar o empenho a partir desses ideias. A reacção foi unânime: há que inventar vias para dar novo vigor ao SECAM. A autonomia económica, sim, é importante, e há já alguns sinais positivos neste sentido. Mas 99% dos actuais bispos do SECAM são jovens. Há que encorajá-los a seguir os ideais do SECAM - continuou o cardeal Tumi. Ideais que assentam em dois pilares: a missão e o mandato confiados à África pelo Papa Paulo VI no Uganda, em 1969, no acto de lançamento do SECAM: missão: África, sê missionaria de ti mesma: Mandato: tendes de ter um cristianismo africano. Se “deixarmos morrer o SECAM, não estaremos a responder a estas recomendações” - recordou o arcebispo de Kinshasa, Dom Monsengwo Pasinya, segundo o qual há uma outra razão para não deixar morrer o SECAM: os ideais dos fundadores: comunhão da Igreja no continente e com o Sumo Pontífice; compreender e reagir de forma comum às grandes problemáticas da África, ajudando a sociedade a encontrar soluções; contribuir para a construção duma África pacífica e dinâmica. Enfim, um órgão flexível de ligação entre todas as dioceses da África. Se o SECAM não existisse, seria necessário inventá-lo – continuou o arcebispo de Kinshasa, elogiando o facto de as duas organizações das Conferências Episcopais da África Ocidental francófona e anglófona se terem unido, e exprimiu o desejo de que isto aconteça também a nível doutras regiões da África.
O SECAM é necessário também para fazer chegar, alto e bom som, a voz da África junto do Vaticano e doutras instâncias internacionais – disse por sua vez o cardeal Francis Arinze, nigeriano, recordando que a África é hoje o continente com a mais alta taxa de crescimento de cristãos. Na era da globalização, a Igreja em África não pode deixar de se globalizar, a começar pelo seu próprio terreno.
A reacção da Assembleia foi positiva. O SECAM tem de existir. Restam, contudo, alguns desafios: ele permanece praticamente desconhecido dos fiéis e muitos bispos sentem-no um bocado longe das suas problemáticas quotidianas. Há, então, que reforçar a comunicação entre o secretariado do SECAM, as conferências episcopais e as dioceses; encontrar a maneira de o dar a conhecer a todos, sem ter que trocar o nome de simpósio para associação de bispos, como alguns sugeriram; reforçar o pagamento das quotas, matéria em que Moçambique foi indicado como um exemplo positivo; ver a forma de fazer participar alguns países que, por não terem conferência episcopal própria, ficam sempre de fora, como é o caso de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe e outros - frisou o bispo moçambicano. D. Lúcio Andrice Muandula.
Depois deste e doutros momentos de reflexão na parte da manhã, nomeadamente sobre a ambivalência das linguagens e filosofias da ONU em assuntos como a política de género, pela belga Margarite Peeters, na parte da tarde, um grupo de bispos e os cardeais foram recebidos em audiência pelo Presidente da Rep. do Gana, Prof. John Atta Mills. Ele pediu ao SECAM para rezar pelo Gana e prometeu continuar a colaborar com a Igreja para o bem da África. No discurso de saudação que lhe dirigiu, o Presidente do SECAM, cardeal Policarpo Pengo, salientou alguns traços da história do SECAM e o seu relacionamento com o Gana, onde tem sede desde 1971. Pôs também em realce as boas relações entre o Estado e a Igreja no país, as significativas acções sociais e espirituais da Igreja católica e convidou o Presidente à missa do domingo na Catedral de Acra para as comemorações dos 40 anos do Simpósio. Simpósio cuja Assembleia aqui reunida, rezou ontem pelas numerosas vítimas do naufrágio fluvial na Rep. Democrática do Congo, exprimindo a sua amargura pelo acontecimento.
Na agenda deste sábado uma conferência sobre a encíclica do Papa Bento XVI “Caritas in Veritate” e as Teoriias do Género”, pelo psicanalista francês, Mons. Tony Anatrella, a adopção da mensagem final e na parte da tarde eleições dos principais dirigentes do SECAM.
De Acra para a Rádio Vaticano, Dulce Araújo."







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