São José do Rio Preto, 30 jul (RV) - A vida deve ser marcada por opções firmes
e cumulada de segurança verdadeira. Isto supõe constantes revisões no atual modo de
pensar e de agir. A segurança não pode se apoiar apenas em bens de cunho material.
Numa cultura eminentemente capitalista e de consumo, não é fácil o despojamento
do que é desnecessário, que favorece um acúmulo desregrado e sem função social. A
virtude da partilha é fruto de prática fraterna e cristã.
O desapego conduz
a uma sadia liberdade e a atitudes de sabedoria divina. A vida não depende da abundância
dos bens materiais. Ela pode até ser sacrificada na sua identidade por opções insensatas
e pelo acúmulo desnecessário.
A fortuna da pessoa não está nos bens puramente
materiais, mas na qualidade da sua vida, sem ilusão e segura no que lhe dá verdadeira
firmeza. Isto vai além de si mesma na abertura para ajudar os totalmente desprovidos.
Há
um texto bíblico que diz: “Ainda nesta noite, tua vida te será tirada. E para quem
ficará o que acumulaste?” (Lc 12, 20). O importante, na verdade, é tornar-se rico
diante de Deus.
A verdadeira riqueza tem dimensão espiritual, de partilha,
de comunhão e de solidariedade. A vida tem uma transitoriedade, mas com possibilidade
de transcendência, concretizada no amor eterno.
Desapego das coisas da terra
não significa ter uma vida alienada, sem compromisso temporal, mas preocupada com
a justiça social. É assumir os valores reais, que causam verdadeira felicidade.
Somos
chamados a uma nova maneira de pensar e de agir, especialmente nos libertando da ganância
incontrolada. Temos que nos acercar dos bens terrenos, necessários para a vida, mas
com sabedoria.
Tudo deve estar a serviço da humanidade. É contra censo ser
escravo das riquezas da terra. A economia tem sentido quando colocada a serviço da
vida. Do contrário, ela causa exclusão e pobreza.
Somos insensatos ou sábios?
Assumimos um humanismo novo, de encontro conosco mesmos, com valores superiores de
amor e de amizade? Só assim poderemos passar de condições menos humanas para mais
humanas.
Dom Paulo Mendes Peixoto Bispo de São José do Rio Preto