Papa João Paulo II ao novo embaixador do Djibuti: a nível local, regional ou mundial,
o diálogo é uma necessidade para evitar confrontos e conflitos tragicamente dolorosos
6 de Dezembro de 2001 DISCURSO DO SANTO PADRE AO NOVO EMBAIXADOR DO DJIBUTI, HAMADOU
BARKAT GOURAD, JUNTO À SANTA SÉ
Senhor Embaixador 1. Sinto-me feliz por
receber Vossa Excelência para a apresentação das Cartas que o acreditam como primeiro
Embaixador extraordinário e plenipotenciário da República do Djibuti junto da Santa
Sé e agradeço-lhe as amáveis palavras que me dirigiu.
Fico-lhe grato, Senhor
Embaixador, por transmitir a Sua Excelência o Senhor Presidente Ismaël Omar Guelleh
o meu agradecimento pelos votos gentis que me enviou por seu intermédio, e por lhe
exprimir o meu desejo mais cordial de prosperidade e de paz para todos os habitantes
do país.
2. Vossa Excelência quis realçar a importância da paz e do diálogo
para o bom entendimento entre as nações. No contexto dos acontecimentos destes últimos
meses, a preservação da paz a nível internacional tornou-se uma prioridade para as
Autoridades civis e para os cidadãos de todos os países do mundo. Vossa Excelência
está consciente de que ela é, desde há muito tempo, uma preocupação constante da Santa
Sé, que se esforça por encorajar as nações na busca paciente e abnegada da paz, preocupando-se
permanentemente com as próprias condições do seu estabelecimento, para um diálogo
respeitador da todas as partes em questão, sobretudo das minorias, às quais é necessário
dar lugar em todas as sociedades, pondo no primeiro lugar aquilo que cada indivíduo
pode oferecer para a edificação comum.
Quer a nível local quer regional ou
mundial, o diálogo é uma necessidade, por um lado, para evitar confrontos e conflitos
tragicamente dolorosos que vêem desencadear-se a violência entre os homens e entre
os povos e, por outro lado, para garantir um entendimento sempre mais fraterno entre
todos. A região do mundo na qual o seu país se encontra, o Nordeste da África, não
se subtrai a estas situações de tensão ou de conflitos preocupantes. Senhor Embaixador,
permita que eu preste aqui homenagem às Autoridades do seu país pela parte activa
que tiveram na resolução do conflito da Somália, graças sobretudo à conferência de
reconciliação, realizada em Arta no ano passado. Faço votos para que seja prosseguido
e, se possível, alargado a outros lugares onde persistem os conflitos, o trabalho
de grande alcance representado pela busca do convívio entre os diferentes protagonistas,
preferindo em todos os casos a negociação e renunciando a qualquer forma de violência.
Nesta perspectiva, é desejável que os verdadeiros artífices da paz prossigam a obra
iniciada. Este é, sem dúvida, o caminho para a paz, uma paz sólida e duradoura, que
todos os homens de boa vontade desejam.
3. Contudo, quer entre as pessoas,
quer entre os diferentes componentes de uma nação ou entre os Estados, não pode haver
uma paz sólida e duradoura sem a justiça, isto é, se não são garantidas a todos as
condições de vida que respeitem a sua dignidade. Esta exigência de justiça requer,
sem dúvida, uma partilha mais equitativa dos recursos entre ricos e pobres a todos
os níveis da vida social, e a instauração de uma verdadeira cultura da solidariedade
(cf. Mensagem para o Dia mundial da paz de 2001, n. 17). Isto pertence aos direitos
fundamentais e requer que se desenvolva no nosso mundo, no início deste novo milénio,
um diálogo renovado e frutuoso entre as culturas e as religiões, no desejo de um reconhecimento
recíproco, a fim de permitir um serviço comum do homem que seja verdadeiramente respeitador
dos valores morais e espirituais.
Trabalhar para suscitar, manter e intensificar
este diálogo é uma das missões da Santa Sé, que continuará a empenhar-se neste
sentido. Senhor Embaixador, a sua presença neste lugar também dá testemunho do interesse
e do apego do seu país, "terra de intercâmbio e de encontro", como recordou Vossa
Excelência, à defesa destes valores, que são a expressão da dignidade fundamental
de todos os seres humanos, e que, como tal, devem ser respeitados.
4. Senhor
Embaixador, sinto-me feliz por poder saudar, através da sua pessoa, a comunidade católica
da República do Djibuti. Ela é pouco numerosa, mas está activamente empenhada no progresso
económico e social da nação, bem como no serviço da educação dos jovens. Tenho conhecimento
de que a presença das escolas católicas é apreciada, tanto devido à competência educativa
dos formadores como pela qualidade dos valores humanos que transmitem. A Igreja católica,
no seu país, mantém boas relações com toda a população e com as diferentes autoridades
religiosas. Ela deseja praticar o diálogo fraterno com todos, no respeito mútuo, com
vista a uma melhor estima recíproca e à busca do bem comum. Permita-me saudar afectuosamente,
por seu intermédio, todos os membros da comunidade católica, o seu Bispo e os seus
sacerdotes, e encorajá-los a testemunhar incansavelmente o amor de Deus por todos
os homens, mediante uma caridade criativa.
5. No momento em que inicia a sua
missão de representação junto da Santa Sé, apresento-lhe, Senhor Embaixador, os meus
melhores votos para a sua feliz realização e para dar continuidade e desenvolvimento
às relações harmoniosas entre a Santa Sé e a República do Djibuti. Garanto-lhe que
encontrará sempre nos meus colaboradores um acolhimento atento e uma compreensão cordial,
a fim de o ajudar na sua nobre função.
Sobre Vossa Excelência, a sua família,
os seus colaboradores e todo o povo do Djibuti, invoco a abundância das Bênçãos do
Todo-Poderoso.