2010-07-28 20:02:55

Papa Bento XVI ao novo embaixador do Sudão: diálogo e resolução pacífica dos conflitos, este é o único caminho que levará à estabilidade sustentada pela verdade, justiça e reconciliação para a região do Darfur e igualmente para o restante do país


Sala Clementina - Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2009
DISCURSO DO PAPA BENTO XVI AO SENHOR SULIEMAN MOHAMED MUSTAFA,
NOVO EMBAIXADOR DA REPÚBLICA DO SUDÃO JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS

Excelência
É um prazer para mim, acolhê-lo hoje no Vaticano e receber as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República do Sudão junto da Santa Sé. Estou grato pelas saudações que Vossa Excelência manifestou em nome de Sua Excelência o Senhor Omar al-Bashir, Presidente da República, e peço-lhe que tenha a gentileza de transmitir os meus bons votos a todos os seus amados compatriotas.

É de bom grado que a Santa Sé estabelece relações diplomáticas com os diferentes países, como um veículo para a promoção do diálogo e da cooperação no mundo inteiro. Este diálogo pode ajudar em grande medida a superar tensões, representações equivocadas e mal-entendidos, de maneira especial quando põem em perigo a causa da paz e do desenvolvimento. No caso do Sudão, a Santa Sé sentiu-se profundamente gratificada pela assinatura do Acordo Compreensivo de Paz, há quatro anos, que pôs termo a um trágico período de sofrimento imenso, de mortes e de destruição. As expectativas geradas por este Acordo, pactuado por interlocutores importantes no interior do país e com a ajuda da Comunidade internacional, devem ser conservadas vivas. Os resultados positivos, alicerçados numa busca genuína de soluções justas para as tensões e para a cooperação multipartidária, deveriam inspirar ulteriores aperfeiçoamentos no processo de implementação. De igual modo neste período delicado, o trabalho positivo que está a ser realizado por promotores internacionais da paz em regiões mais sensíveis e por agências humanitárias merece o apoio e a devida assistência da parte de todas as autoridades nacionais e regionais.

Senhor Embaixador, o país representado por Vossa Excelência dispõe dos recursos e da população para se tornar um protagonista importante no continente africano. Ele há-de prosperar, se os cidadãos da nação viverem numa terra onde prevalecem a harmonia e a boa vontade, tendo como fundamento a justa resolução dos conflitos existentes, aceitável por todas as partes. A violência "limita o desenvolvimento autêntico e impede a evolução dos povos para um maior bem-estar socioeconómico e espiritual" (cf. Caritas in veritate, 29); a paz e o desenvolvimento, dois elementos essenciais para o bem-estar de qualquer nação, não podem existir sem a salvaguarda dos direitos humanos para todos os cidadãos, sem qualquer excepção.

Neste contexto, é necessário recordar que a população do Darfur continua a sofrer enormemente. Os acordos negociados entre os grupos armados têm sido lentos e hesitantes, e têm urgente necessidade de ajuda de todas as partes. O respeito pelas populações civis e pelos seus direitos humanos fundamentais, e as suas responsabilidades relativas à estabilidade nacional e regional exigem claramente renovadas tentativas de promover acordos duradouros. A minha sincera esperança é por que todas as partes possam aproveitar cada oportunidade em vista de uma decisão, através do diálogo e da resolução pacífica dos conflitos. Este é o único caminho que levará à estabilidade sustentada pela verdade, justiça e reconciliação para a região do Darfur e igualmente para o restante do país.

Senhor Embaixador, a Igreja católica presente no seu país está comprometida na promoção do bem-estar espiritual e humano dos seus membros e, efectivamente, de todos os cidadãos da nação, de forma especial através da educação, da assistência à saúde e dos programas de desenvolvimento, mas também mediante o incentivo ao espírito de tolerância, de paz e de respeito pelos outros, mediante o diálogo e a cooperação. Os católicos fomentam somente a liberdade, o reconhecimento e o respeito, que são próprios da identidade e da missão da Igreja. O Sudão, como também numerosos países, está a enfrentar o desafio da busca de um justo equilíbrio entre a conservação dos valores culturais que caracterizam a identidade da maioria da população, e o respeito pelos direitos e pela liberdade das minorias. As autoridades públicas têm necessidade de assegurar que o direito humano fundamental da liberdade religiosa seja autenticamente vivido pelas pessoas pertencentes a todos os credos. De igual modo, as famílias de uma minoria religiosa que vivem onde as escolas dispõem de programas educativos adequados para a maioria religiosa, justamente aspiram ao reconhecimento dos seus direitos de pais, de determinar a educação dos seus próprios filhos, sem qualquer impedimento da parte da lei. Tanto os pais muçulmanos como os pais cristãos compartilham o mesmo carinho e solicitude pelos seus filhos e pelo seu bem-estar, especialmente no que se refere à sua formação religiosa.

Convido Vossa Excelência a valer-se da disponível cooperação dos departamentos da Cúria Romana, enquanto lhe formulo votos de bom êxito na sua missão de promover ulteriormente as relações cordiais já existentes entre o Sudão e a Santa Sé. Possa o Omnipotente derramar as suas bênçãos sobre o Senhor Embaixador, a sua família e a nação representada por Vossa Excelência.








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